Washington O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sancionou ontem uma lei que autoriza métodos mais rigorosos de interrogatório de suspeitos de "terrorismo" e permite que o governo americano os julgue em tribunais militares.
Os planos de Bush referentes ao tratamento dispensado aos prisioneiros suspeitos de "terrorismo" transformaram-se em lei apenas seis semanas depois de o presidente americano ter admitido que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA, por suas iniciais em inglês) mantinha centros secretos de detenção no exterior.
"Com o projeto de lei que estou sancionando, os homens que nossos serviços secretos acreditam que orquestraram o assassinato de quase 3 mil civis inocentes enfrentarão a Justiça", afirmou o presidente, referindo-se aos atentados de 11 de setembro de 2001 no momento de assinar a lei.
Críticos e grupos de defesa dos direitos humanos denunciam que a Lei de Comissões Militares, sancionada por Bush ontem, abre caminho para o tratamento desumano de prisioneiros e testemunhas.
Entre os suspeitos que os EUA esperam julgar está Khalid Sheikh Mohammed, acusado de ser um dos mentores dos atentados de cinco anos atrás, assim como Ramzi Binalshibh, que poderia ter sido um dos seqüestradores de aviões do 11 de Setembro, e Abu Zubaydah, que atuaria como contato entre o milionário saudita no exílio Osama bin Laden e diversas células da rede extremista Al-Qaeda.
"É uma rara ocasião, quando um presidente pode assinar uma lei que ele sabe que salvará vidas americanas. Tenho esse privilégio", disse Bush. "Esta lei que assino hoje (ontem) ajuda a proteger este país e envia uma clara mensagem: esta nação é paciente, decente e justa, e nunca vai retroceder diante das ameaças a nossa liberdade", acrescentou.