O chefe do Executivo em Hong Kong, Leung Chun-ying, desafiou a exigência dos manifestantes pró-democracia de que ele renunciasse e renovou os alertas da polícia de que as consequências serão sérias se eles tentarem cercar ou ocupar edifícios do governo.
Leung, falando a repórteres poucos minutos antes de o ultimato pela sua renúncia expirar, também disse que a secretária-chefe, Carrie Lam, irá realizar uma reunião com os estudantes em breve para discutir reformas políticas, mas não mencionou uma data.
Do lado de fora do gabinete de Leung, os manifestantes não escondiam a decepção mas o protesto permaneceu calmo. "O pedido é muito simples. Queremos democracia de verdade. Quando você pede uma maçã deve receber uma maçã, não uma laranja que foi disfarçada de maçã", disse Howard Hu, engenheiro de 35 anos.
O líder estudantil Lester Shum acolheu a proposta das conversas, mas também repetiu os avisos de que os estudantes irão voltar a agir se as demandas de sufrágio universal e de um processo eleitoral livre não forem atendidas. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas na última semana para exigir uma democracia plena, incluindo um sistema de votação livre quando escolherem um novo líder em 2017.
Em 31 de agosto, a China decretou que irá analisar os candidatos que quiserem concorrer ao cargo de executivo-chefe de Hong Kong e os moradores do território se revoltaram contra Leung, que é apoiado por Pequim.
Piores
As manifestações, as piores em Hong Kong desde que a China reassumiu o governo da ex-colônia britânica em 1997, travaram partes do importante centro financeiro asiático.
No fim de semana passado, o batalhão de choque usou gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cassetetes para tentar apaziguar o tumulto, mas desde então as tensões diminuíram, já que os dois lados parecem dispostos a encarar um impasse duradouro.
O tamanho das multidões variou ao longo da semana, mas, nas primeiras horas desta sexta-feira (Hong Kong está 11 horas à frente do Brasil) milhares ainda preenchiam as ruas do centro da cidade.
Contexto
Os líderes estudantis em Hong Kong haviam exigido que o chefe do Executivo, Leung Chun-ying, renunciasse até a meia-noite de quinta para sexta-feira e pediram aos manifestantes que ocupassem instalações governamentais se ele se recusasse. A China repudiou os protestos, que chamou de ilegais, mas reprimir o movimento com muita força poderia abalar a confiança em Hong Kong, importante centro financeiro e que tem um sistema legal separado do resto da China.