O levantamento das sanções internacionais que pesam sobre o Irã será o objetivo de Teerã na próxima rodada de conversas com as potências mundiais do Grupo 5+1, afirmou neste domingo (15) o chefe da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento, Alaeddin Boroujerdi.
Boroujerdi, um dos deputados mais influentes da Câmara, em declarações divulgadas pela agência oficial "Irna", declarou que "na nova rodada de Bagdá, em 23 de maio, podemos discutir o levantamento das sanções" impostas ao Irã pela ONU, os Estados Unidos e a União Europeia, devido ao seu programa nuclear.
Em sua opinião, nas conversas deste sábado em Istambul entre a representação do Irã e o 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais Alemanha, o Irã se mostrou forte e passo a frente foram dados com seu reconhecimento como país com tecnologia nuclear.
Boroujerdi, durante uma sessão aberta do Parlamento, explicou que, nas rodadas anteriores com o 5+1, em dezembro de 2010 e janeiro de 2011, ambas fracassaram, o Irã ainda não dispunha de tecnologia para enriquecer urânio a 20% e agora já tem, por isso que as potências mundiais precisam reconhecer esse fato.
De qualquer maneira, Boroujerdi ressaltou que o Irã enriquece urânio a 20% para uso industrial, médico e geração de energia, não para fins armamentistas, para os quais é necessário urânio enriquecido a mais de 90%.
Irã desenvolve todo seu programa nuclear, acrescentou, "conforme nossas necessidades, com fins pacíficos e seguindo as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)".
A AIEA supervisiona o cumprimento do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual Teerã é signatário, que permite as atividades nucleares civis e proíbe as armamentistas.
Neste sentido, às vésperas da reunião de Istambul de ontem, o diretor da Organização de Energia Atômica Iraniana (OEAI), Fereydoun Abbasi-Davini, disse que o Irã manteria a produção de urânio enriquecido a 20% na medida de suas necessidades e que, depois, interromperia esse programa, porque era caro demais.
"Temos intenção de parar a produção de urânio enriquecido a 20% quando tivermos o suficiente (para o reator de pesquisa de Teerã) e mudar o funcionamento das equipes para que produzam urânio enriquecido a 3,5% (para gerar eletricidade)", disse recentemente Abbasi-Davini.
Esta afirmação seria a carta que permitiu a reabertura das negociações, apesar de Abbasi-Davini também ter deixado claro que não pretendem fechar a planta subterrânea de enriquecimento de Fordo, construída, disse, devido às ameaças de Israel e dos Estados Unidos, e em certa medida do Reino Unido, de atacar instalações nucleares iranianas.
Repetidamente, o Irã afirmou que não tem intenção de desenvolver armas atômicas e lembrado que o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, emitiu em 2005 uma "fatwa" (decreto islâmico) proibindo armas de destruição em massa e, concretamente, as nucleares.
No sábado, após o fim do encontro de Istambul, o influente deputado Parviz Sorouri, próximo a Khamenei, disse que o Irã está disposto a "reconsiderar" o enriquecimento de urânio a 20%, se Ocidente fornecer a quantidade que precisa para seu uso.
Sorouri acrescentou que nas conversas deve-se perseguir enfoque em que "todos saíam ganhando e os acordos "atendam aos interesses da República Islâmica do Irã e, ao mesmo tempo, dissipem as preocupações do Ocidente" pelo programa nuclear iraniano.
Até agora, parece que o roteiro das reuniões recomeçou um passo de cada vez, como foi proposto em julho pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, quem sugeriu a abertura de um processo "por fases" para melhorar a confiança mútua.
De qualquer maneira, por parte do Irã, a última decisão sobre qualquer acordo está nas mãos do líder supremo do regime teocrático, o aiatolá Khamenei, cuja reticência a qualquer tipo de regra com o Ocidente poderia ser determinante.
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