Beirute - Centenas de pessoas queimaram pneus e bloquearam ruas em várias cidades do Líbano em protesto contra as manobras políticas que permitiram ao grupo xiita Hezbollah nomear o futuro premier do país, o deputado e empresário Najib Mikati.
O "dia de fúria" convocado por partidários do ex-premier Saad Hariri, um sunita pró-Ocidente cuja coalizão de governo ruiu há duas semanas, aumenta a tensão no país dilacerado entre facções etnico-confessionais e palco de disputas geopolíticas.
Os maiores protestos ocorreram em Trípoli (norte), cidade que Mikati representa no Parlamento. Manifestantes gritaram "o sangue sunita está fervendo" e "o Hezbollah é o partido do diabo.
Hariri pediu a simpatizantes que evitem atos de violência, mas acusou o Hezbollah, que é um misto de partido político e milícia, de ter cometido um "golpe de Estado" em favor dos aliados Irã e Síria.
Evolução
A atual crise começou no último dia 12, quando o Hezbollah e aliados anunciaram a saída do governo, jogando por terra o gabinete de unidade formado havia 14 meses.
A decisão foi causada pela resistência de Hariri em desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hizbollah por atentado que matou, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premier pró-Ocidente Rafik Hariri.
O Hezbollah, que nega autoria do ataque, diz que o tribunal instalado em 2007 é um "projeto israelense" e acusou Hariri de ceder a pressões ocidentais. A saída de Hariri do governo preocupa os EUA, que consideram o Hizbollah uma organização terrorista e ontem ameaçaram cortar a ajuda financeira e militar ao Líbano.
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