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Oriente em guerra

Libaneses vivem o caos

Curitiba – Comerciante de Curitiba, Saad Hassan Hamdar, 44 anos, decidiu aproveitar as férias deste ano para visitar os pais em Beirute. Certo de que voltaria ao Brasil no dia 19, teve que prorrogar a viagem, que se transformou em um pesadelo sem fim.

Ao contrário da maioria dos brasileiros naturalizados, decidiu ficar no Líbano e torcer para que a ofensiva israelense seja suspensa. Ele diz que só assim conseguirá deixar os pais na capital libanesa.

O ataque ao aeroporto internacional de Beirute, dia 12, foi o "começo do pesadelo", relata. "Horas depois, uma região altamente povoada, no lado ocidental de Beirute, começou a ser atacada por aviões israelenses. O povo ficou desesperado. Via-se cadáveres soterrados. A defesa civil não tinha permissão para removê-los sob a ameaça constante de bombardeios israelenses."

Sem saber para onde ir, a população buscou abrigo em locais públicos do outro lado da cidade. Escolas foram abertas para os refugiados, que também foram recebidos como hóspedes por outras famílias libanesas do leste. "Os bombardeios atingiram edifícios, que desabaram; fábricas de alimentos e laticínios; ônibus de lotação com famílias em fuga; um ônibus com turistas no Vale do Bekaa; carretas de grande porte; o porto de Beirute, além de estradas que ligam o Líbano à Síria."

Como boa parte das estradas de acesso à Síria ficaram destruídas – mais de 20 pontes foram atingidas – a Embaixada brasileira pediu que os seus cidadãos seguissem para a Turquia, conta Saad. No entanto, ele diz que esse percurso também é perigoso. "De que maneira podemos arriscar as nossas vidas, indo de ônibus, já que os bombardeios atingem tudo?"

Na região de Beirute considerada mais segura (norte), relata, há casas com mais de 30 pessoas, igrejas e mesquitas lotadas e inclusive barracas em terrenos baldios.

"Faltam remédios, comida, gasolina, gás de cozinha (usa-se lenha),trigo para fazer pão. Os preços de alguns produtos aumentaram cinco vezes. Os teatros, cinemas e bares estão vazios, como num país fantasma." O medo, no entanto, não foi embora:

"Ninguém sabe quando nem onde será o proximo bombardeio."

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