O primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, que espera conseguir na quinta-feira US$ 500 milhões em ajuda para seu país durante uma conferência com potenciais doadores, disse que nenhuma parcela desse dinheiro chegará às mãos do Hezbollah.
A Suécia organizou a conferência a fim de que os doadores possam se comprometer com o envio de ajuda emergencial para atividades como a construção de casas e a remoção de bombas não detonadas. No fim do ano, deve acontecer um encontro sobre o envio de ajuda de longo prazo para a reconstrução do país.
- O Líbano, que apenas sete semanas atrás estava cheio de esperança e promessas, foi feito em pedaços pela destruição, pela expulsão de moradores de suas casas, pela expropriação, pela desolação e pela morte - afirmou Siniora durante a conferência.
Segundo o premier, os danos à infra-estrutura do país e os prejuízos indiretos resultantes, por exemplo, da perda de faturamento com o turismo somam bilhões de dólares. O governo libanês calcula essa cifra em US$ 3,6 bilhões.
Siniora disse que se Israel não se retirar de todo o território libanês, os esforços de recuperação serão prejudicados. O dirigente também pediu que o Estado judeu suspenda o embargo aéreo e naval imposto ao país árabe.
A União Européia (UE) já prometeu o envio de 42 milhões de euros (US$ 54 milhões) em ajuda de curto prazo. Cerca de 60 países e organizações internacionais participam do encontro em Estocolmo, capital da Suécia. Espera-se que, na conferência, sejam levantados mais US$ 500 milhões em ajuda.
O encontro aconteceu em meio a uma crescente preocupação entre os governos ocidentais de que o dinheiro distribuído pelo Hezbollah para as pessoas que perderam suas casas durante os ataques israelenses acabe aumentando a popularidade da guerrilha.
Israel começou a bombardear o Líbano depois que o grupo xiita capturou dois soldados israelenses em uma ação realizada a partir do território libanês. A guerra, que durou 34 dias, matou quase 1.200 pessoas no Líbano, a maioria delas civis, e 157 israelenses, a maioria deles soldados.
Siniora descartou a possibilidade de o Hezbollah se envolver no processo de reconstrução utilizando os fundos levantados em Estocolmo.
- A conferência foi organizada para ajudar o governo do Líbano. Tudo será feito através do governo - disse o premier. - A idéia de que o dinheiro passará pelo Hezbollah é uma falácia - acrescentou.Bombas não-detonadas e mancha de óleo
Mark Malloch Brown, vice-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que o apoio da comunidade internacional ao Líbano melhoraria a imagem do governo libanês.
- Se nós, a comunidade internacional, não dermos apoio ao Líbano agora, vamos deixar na mão não apenas o corajoso povo libanês, mas também as aspirações dele a uma governo forte, estável e democrático - disse ele, durante a conferência.
Autoridades presentes no encontro afirmaram que a prioridade nos gastos da ajuda emergencial é a montagem de 10 mil casas pré-fabricadas para auxiliar as cerca de 1 milhão de pessoas expulsas de seus lares e para suprir a carência gerada pela destruição de 30 mil residências.
Outra meta é recolher bombas não detonadas, entre as quais milhares de artefatos de fragmentação.
Na quarta-feira, Siniora afirmou que o governo pagará US$ 40 mil dólares a cada família desabrigada a fim de que as pessoas consigam reconstruir suas casas.
O Líbano pretende reservar US$ 52 milhões para ampliar os esforços de limpeza da mancha de petróleo que se espalhou por sua costa depois de Israel ter bombardeado a usina de força de Jiyyeh, no mês passado.
Segundo estimativas do país árabe e da ONU, os ataques israelenses contra a instalação provocaram o vazamento, para o mar Mediterrâneo, de algo entre 10 mil e 15 mil toneladas de óleo combustível pesado.