Moradores de uma cidade no leste do estado americano de Ohio, na divisa com a Pensilvânia, e de municípios vizinhos estão preocupados com sua segurança após o descarrilamento de um trem contendo materiais tóxicos no início do mês.
Em 3 de fevereiro, uma composição com cerca de 50 vagões, dos quais dez transportavam materiais perigosos, descarrilou na cidade de East Palestine. As primeiras informações apontam que o acidente foi causado pela quebra de um eixo.
Devido ao risco de explosão, na segunda-feira passada (6), as autoridades decidiram liberar e queimar de forma controlada cloreto de vinila (que pode causar câncer) que estava dentro de cinco vagões-tanque, lançando no ar cloreto de hidrogênio e o gás tóxico fosgênio.
A composição também transportava acrilato de butila (que causa danos aos pulmões em caso de exposição prolongada), óleo lubrificante, éter monobutílico de etileno glicol, acrilato de etil-hexila e isobutileno.
De acordo com a CNN, a ordem de evacuação para os moradores de East Palestine foi oficialmente suspensa na última quarta-feira (8), após o monitoramento do ar e da água dos rios da região não ter apontado níveis de contaminantes acima dos limites de triagem.
Entretanto, a desconfiança permanece. “Criamos nossos filhos, fizemos faculdade, compramos um negócio aqui e esse é o nosso lugar”, disse Ben Ratner, morador de East Palestine. “No futuro, vamos ter de vender a casa? Neste momento, ela vale algum dinheiro?”
Moradores relataram a morte de peixes e sapos em córregos da região e postaram nas redes sociais imagens de galinhas, cães e raposas mortos, além de apontarem que ainda sentem o cheiro de produtos químicos.
“Vamos lá, é cloreto de vinila, está no ar, os peixes estão morrendo. Isso dá alguma sensação de segurança para ficar na área? Provavelmente, não”, disse à NewsNation a ativista dos direitos do consumidor Erin Brokovich, que foi retratada numa cinebiografia estrelada por Julia Roberts.
James Lee, gerente de relações com a mídia da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos em Ohio, disse à CNN que, apesar da revogação da ordem de evacuação e dos níveis de medição apontarem que o risco maior passou, ainda não se sabe ao certo quanto material tóxico foi liberado na região.
“Inicialmente, como acontece na maioria dos casos de derramamentos [de materiais] no meio ambiente, é difícil determinar a quantidade exata de material que foi liberado no ar, na água e no solo. A fase de avaliação que ocorrerá após o término da emergência ajudará a determinar essas informações”, afirmou.
Poucos dias após o acidente, dois moradores da Pensilvânia ingressaram com uma ação na Justiça Federal contra a empresa ferroviária Norfolk Southern para que haja monitoramento da saúde dos residentes na região da divisa do estado com Ohio.
De acordo com a Associated Press, eles reivindicam que a empresa pague por exames e acompanhamento médico de qualquer pessoa que more em um raio de 48 quilômetros a partir do ponto onde ocorreu o descarrilamento, para apurar eventuais efeitos da liberação de substâncias tóxicas, além de pagamento de possíveis compensações.