O secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, afirmou neste domingo (15) que só o laudo técnico sobre o desabamento de três vigas no Trecho Sul do Rodoanel vai definir quando a obra do viaduto de 680 metros, localizado no km 279 da Rodovia Régis Bittencourt, em Embu, na Grande São Paulo, será retomada. Até sábado à tarde, o governo estadual não apontava as causas do acidente, mas garantia que os trabalhos das empreiteiras recomeçariam em no máximo 15 dias. Três pessoas que estavam nos carros atingidos pelas vigas na sexta-feira ficaram feridas.
O laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) não tem data para ser emitido. Segundo Arce, somente o documento poderá dizer se o problema da queda foi o material usado na construção das vigas. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) emitido no final de setembro, o consórcio formado pelas empresas OAS/Mendes Jr./Carioca, responsável pelo trecho onde ocorreu o acidente, deveria ter usado tubulações de concreto no lugar das estruturas pré-moldadas, conforme previa o contrato original. As empresas também alteraram métodos construtivos a fim de baratear os custos, como a redução do número de vigas usadas nos vãos livres dos viadutos - de 7, como determinava o projeto original, para 5 ou 6, de acordo com o TCU
Arce diz, porém, ter convicção de que o IPT não vai apontar a troca do concreto pelas vigas pré-moldadas, feita pelas empresas com autorização da Dersa, como uma das causas do acidente. Nos 61 quilômetros do Trecho Sul do Rodoanel, existem 132 pontes, viadutos e passagens de níveis sustentados por 2.280 vigas. O viaduto onde ocorreu o acidente é o último que precisa ser concluído, com sustentação de vigas de 45 metros de comprimento.
"Essas vigas são usadas em pontes e viadutos do Brasil inteiro. Foram usadas nas obras da Imigrantes. Não foi a troca do material a causa (da queda). O que temos de saber é se houve uma falha no material usado na viga ou na construção dela", afirmou o secretário. Em caso de o IPT constatar falhas na fabricação do material que desabou, uma inspeção poderá ser realizada nas 2.280 vigas do Trecho Sul, informou Arce. "É claro que só vamos entregar a obra quando tivermos a certeza da sua segurança. Não existe isso de pressa, para inaugurar antes das eleições de 2010. Queremos saber o que houve nesse acidente", acrescentou.
Cronograma mantido - Apesar da indefinição sobre a retomada da construção do viaduto, Arce mantém o dia 27 de março como data para a entrega do Trecho Sul, a maior obra viária do Brasil. A nova pista vai permitir que caminhões vindos pelas pistas do interior (Castelo Branco, Anhanguera, Bandeirantes) e do sul do País (Régis Bittencourt) cheguem ao Porto de Santos sem atravessar a cidade de São Paulo, por meio da Marginal do Pinheiros e pela Avenida dos Bandeirantes. "Quando pudermos retomar a obra nesta parte do acidente, em 30 dias concluímos os trabalhos. Todas os outros canteiros de obras do Rodoanel seguem trabalhando."
Sobre as suspeitas de superfaturamento na obra, geradas pela redução do uso de material de construção e pela manutenção dos preços repassados ao Estado pelas empreiteiras, o secretário argumenta que esses questionamentos do TCU foram esclarecidos pelo governo. "Nós também não concordamos com parte dos pagamentos a mais que as empresas queriam. Tudo o que o Tribunal nos pediu e foi pedido às empresas está sendo cumprido por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado com o Ministério Público Federal", completou.
Procuradas desde a sexta-feira à noite, as empresas responsáveis pelo lote 5 do Trecho Sul, na parte do acidente, não se pronunciaram.
Autorização - Na noite anterior ao acidente, um engenheiro da Autopista, concessionária da Régis Bittencourt, fez boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil em Embu, informando não ter sido avisado sobre as obras realizadas naquele dia no viaduto do km 279. A Autopista diz que as interdições para alertar os motoristas que passavam pelo local foram feitas pelo consórcio da obra e pela Polícia Rodoviária Federal, sem auxílio da concessionária. O secretário de Transportes informou que a intervenção tinha autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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