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Democracia

Liberais têm vantagem nas primeiras eleições da Líbia pós-Kadafi

Mulheres contam malotes com os votos. Resultado oficial sai durante a semana | Anis Mili/Reuters
Mulheres contam malotes com os votos. Resultado oficial sai durante a semana (Foto: Anis Mili/Reuters)

Informações preliminares divulgadas na tarde de ontem apontam que a coalizão liberal – Aliança das Forças Nacionais (AFN) – encabeça os resultados da maioria dos colégios eleitorais da Lí­­bia após as primeiras eleições históricas de sábado, que contaram com 60% de participação e que valeram ao país elogios da comunidade internacional. O chefe do Partido da Jus­­tiça e da Construção (PJC), procedente da Irmandade Mu­­çulmana, Mohamed Sawan, disse haver um considerável avanço da AFN em Trípoli e em Benghazi. As cidades reúnem mais de 40 pequenos partidos que giram em torno dos artífices da revo­­lução de 2011, feita contra­­ o regime de Muammar Ka­­dafi. "Segundo as informações preliminares, a coalizão está liderando as apurações na maioria dos colégios eleitorais", disse Faisal al-Krekchi, secretário-geral da AFN. Caso esses resultados se confirmem – o oficial­­ sai durante esta semana – a Líbia será uma exceção aos casos de Tunísia e Egito, onde os islamitas chegaram ao poder nas primeiras eleições celebradas após as quedas de seus respectivos ditadores, decorrente da série de revoltas conhecidas como Primavera Árabe. Vários observadores eleitorais em Trípoli e Benghazi contam com uma esmagadora vitória dos liberais, cogitando a obtenção de cerca de 90% dos votos em alguns bairros, como Abu Salim, na capital. A comunidade internacional teceu uma série de elogios ao processo eleitoral histórico no país. A União Europeia (UE) considerou que as eleições se desenvolveram "em um clima de liberdade" e o presidente norte-americano, Barack Obama, felicitou o povo líbio pela "outra etapa importante de sua extraordinária transição para a democracia". Além da AFN, duas outras formações políticas se destacaram durante a campanha eleitoral: os islamitas do Partido da Justiça e da Construção (PJC), um braço da Irmandade Muçulmana, e o Al-Watan, do polêmico ex-chefe militar de Trípoli Abdelhakim Belhaj.

A repartição geográfica dos assentos da assembleia foi muito discutida, sobretudo no leste do país, onde­­ os partidários do federalismo pediam mais deputados. O Conselho Nacional de­­ Transição decidiu finalmente distribuir assentos de acordo com considerações demográficas, de modo que 100 serão eleitos no oeste do país, onde há o maior número de habitantes.

O CNT também decidiu­­ sob pressão que o sistema­­ de votação da futura Assem­­bleia Constituinte seja por maioria de dois terços, de modo que o oeste do país não possa tomar uma decisão sem a aprovação das outras regiões.

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