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Primavera Árabe

Líbia comemora “libertação” após 42 anos de ditadura

População comemora a libertação da Líbia em Trípoli. Dia histórico foi marcado por discursos e anúncio de planos para o futuro do país | Esam Al-Fetori/Reuters
População comemora a libertação da Líbia em Trípoli. Dia histórico foi marcado por discursos e anúncio de planos para o futuro do país (Foto: Esam Al-Fetori/Reuters)

Num dia histórico, o líder do Con­­selho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil, anunciou ontem em Benghazi a "libertação" da Líbia, três dias após a morte do ex-ditador Muamar Ka­­dafi. A cúpula dos opositores que tomaram o poder declarou, de forma oficial, o fim da ditadura de 42 anos que controlou o país com mão de ferro.

Jalil agradeceu a Deus pelo sucesso da revolução, que segundo o líder começou de forma pacífica. Após encontrar a violenta resistência do regime, no entanto, não houve outra opção a não ser o combate, explicou.

Logo no início de seu discurso, pediu à multidão que não disparasse tiros ao alto em comemoração, devido ao perigo de ferimentos a civis, ressaltando que é hora de desarmar a população. O líder destacou a importância de todos os mártires da revolução e agradeceu ainda a ajuda dos países da Organização do Tratado do Atlân­tico Norte(Otan), que atuaram "de forma sofisticada e avançada".

Nova Líbia

Falando a milhares de líbios reunidos na praça Kish, onde a revolução teve início no dia 17 de fevereiro, Jalil passou rapidamente do tom cerimonial e efusivo a uma série de anúncios práticos de co­­mo deve ser o caminho rumo à "no­­va Líbia".

Mais cedo, o chefe do governo do CNT, que participa de uma reunião do Fórum Econômico Mun­­dial na Jordânia, apresentou com detalhes um plano para a transição política na Líbia. Ele ainda não anunciou sua renúncia ao car­­go, no entanto, que segundo ele ocorreria pouco após a declaração oficial de "libertação" do país.

Mais cedo, o premiê interino da Líbia, Mahmoud Jibril, disse que o país deve ter um novo governo provisório dentro de um mês, com a responsabilidade de organizar, num período de até oito me­­ses, as eleições que montarão um congresso para criar a nova Constituição líbia.

O plano de transição no país inclui cinco etapas. A primeira compreende a provável renúncia de Jibril ao cargo, após o anúncio oficial de libertação da Líbia na cidade de Benghazi.

Nas próximas semanas um no­­vo governo provisório será estabelecido, e na terceira etapa, em até oito meses, eleições devem ser realizadas para a formação de um congresso, mesmo que provisório, descrito pelo líder ontem co­­mo "uma espécie de Parla­­men­­to".

"O chefe deste novo Parla­­men­­to, quando eleito, será o presidente interino ou provisório do país", explicou.

No quarto estágio este comitê criará uma nova Constituição e aju­­dará a organizar as primeiras eleições presidenciais livres e democráticas após o fim do regime do ex-ditador Muamar Kadafi, que ficou no poder durante 42 anos, finalizando a última etapa da transição: a criação de um go­­verno constitucional livre e de­­mocraticamente eleito.

Tiro na cabeça

Uma autópsia concluída ontem confirmou que o ditador líbio Muamar Kadafi foi morto por um tiro na cabeça, afirmou o patologista-chefe do país, Dr. Othman al-Zintani, horas antes dos novos líderes da Líbia declararem a libertação do país. Al-Zintani não forneceu mais detalhes sobre os mo­­mentos finais de Kadafi, afirmando que primeiro entregará um relatório completo ao procurador-geral.

O corpo do ex-ditador foi ex­­posto ao público em um freezer comercial em um shopping center na cidade portuária de Misrata, que sofreu um cerco sangrento pelas forças de Kadafi durante a primavera.

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