Autoridades do governo provisório da Líbia disseram nesta segunda-feira que o corpo do ex-líder líbio Muamar Kadafi não seria mais exposto à visitação pública. Pouco depois, os guardas que tomavam conta dele fecharam os portões da câmara frigorífica onde era mantido desde sua morte, quatro dias atrás.
"A partir das 15 horas (11 horas em Brasília), o público não poderá mais ver o corpo", disse uma autoridade do Conselho Nacional de Transição (CNT), o governo provisório do país.
Os guardas do local fecharam os portões do prédio por volta de 15h30 (horário local), barrando o acesso de visitantes. Os corpos de um dos filhos de Kadafi, Mo'tassim, e de seu ex-chefe militar também estavam sendo exibidos ao público na mesma câmara.
O cadáver de Kadafi já dava sinais de decomposição depois de quatro dias exposto sobre um colchão, enquanto facções locais decidiam como sepultá-lo.
O escurecido corpo de Kadafi e os cadáveres de Mo'tassim e do ex-comandante do Exército estão num mercado na cidade de Misrata, para onde foram levados depois de sua captura e morte, na quinta-feira, em Sirte, cidade-natal do ex-líder líbio.
Mas o frigorífico não dava conta do constante entra e sai de pessoas, numa sombria paródia dos velórios solenes geralmente reservados a líderes falecidos. Os responsáveis pela guarda colocaram sacos plásticos sob os corpos por causa do vazamento de fluidos, e entregavam máscaras cirúrgicas aos visitantes para que se protegessem do mau cheiro.
Kadafi e seu filho foram capturados vivos - conforme mostram imagens amplamente divulgadas -, mas morreram em seguida, em circunstâncias não esclarecidas.
Poucos líbios pareciam preocupados em saber como eles foram mortos ou por que estavam passando tanto tempo expostos, contrariando a tradição islâmica que prevê o sepultamento no prazo de um dia.
"Deus fez do faraó um exemplo para os outros", afirmou Salem Shaka, que visitou os corpos na segunda-feira. "Se ele tivesse sido um homem bom, já o teríamos sepultado. Mas ele próprio escolheu o seu destino."
Outro homem, que contou ter viajado 400 quilômetros para ver os corpos, disse: "Vim aqui ter certeza com os meus olhos (...). Todos os líbios precisam vê-lo".
O assassinato de ditadores derrubados não é novidade. Na Europa, o mesmo aconteceu com o romeno Nicolae Ceausescu, em 1989, e com o italiano Benito Mussolini - criador da Líbia moderna, como colônia italiana -, em 1945.
Mas alguns aliados estrangeiros do novo regime líbio manifestam desconforto com a maneira como Kadafi foi tratado após ser capturado e depois de morto, e temem que os novos líderes do país não estejam cumprindo sua promessa de respeitar os direitos humanos.
Os sepultamentos estão sendo retardados devido a divergências entre facções que compõem o CNT.
A cúpula do CNT gostaria que os corpos fossem enterrados num local secreto para que não se tornem local de peregrinação para partidários do extinto regime. Já as autoridades de Misrata, cidade que neste ano virou símbolo da revolta ao ser sitiada por forças pró-Kadafi, insistem que os corpos não fiquem em seu solo.
A tribo de Kadafi quer que o seu corpo seja devolvido para ser enterrado em Sirte, conforme pedido feito no testamento dele.
Uma fonte do CNT disse que as autoridades estão negociando com a tribo de Kadafi para que os corpos sejam oficialmente reconhecidos e então levados para sepultamento em um local secreto.
Um funcionário do CNT em Misrata afirmou que as autoridades locais continuam aguardando instruções do governo provisório.
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