Chefe das Forças Especiais líbias se une aos rebeldes de Benghazi
O chefe das Forças Especiais líbias, Wanis Abu Hamada, anunciou nesta segunda-feira (19) desde Benghazi seu ingresso nas fileiras lideradas pelo general rebelde Jalifa Hafter, acusado pelo governo de Trípoli de golpista.
Em entrevista coletiva televisionada, Abu Hamada assegurou que se une à "operação Al Karama (dignidade)", lançada por Hafter na sexta-feira (16) contra várias milícias armadas de Benghazi, a segunda cidade do país.
Segundo Abu Hamada, que ressaltou que as Forças Especiais estão "com o povo e com a Batalha da Dignidade", o objetivo de dita operação é combater o fenômeno dos "grupos armados takfiríes", extremistas islâmicos que consideram apóstatas o resto dos crentes.
Na sexta (19), o general reformado Jalifa Hafter, que participou de 2011 do levantamento popular armado contra a ditadura de Muammar Kadafi, atacou os quartéis de várias milícias em Benghazi antes de se retirar a três bairros dos arredores da cidade.
Nos combates, nos quais participaram aviões e helicópteros e foi empregada artilharia pesada, pelo menos 70 pessoas morreram e 141 ficaram feridas.
Após os enfrentamentos, as forças de Hafter se refugiaram em três bairros dos arredores da cidade, onde mantêm suas posições.
O anúncio de Abu Hamada ocorreu em um contexto de informações e desmentidos sobre supostas adesões às forças do general rebelde, que já em fevereiro foi acusado de golpista após propor a dissolução do Parlamento.
O vice-ministro da Defesa, Khaled Sharif, desmentiu um anúncio realizado pelo porta-voz de Hafter, Mohammed al Hiyazi, que tinha assegurado que a base aérea de Tobruk, a maior do leste do país, tinha se unido às forças rebeldes.
"A informação é falsa, o chefe da base área de Tobruk confirmou seu compromisso com a legitimidade e com o Estado-Maior do Exército", disse Sharif.
A situação na capital, onde ontem duas milícias da cidade de Zintán pertencentes à guarda fronteiriça atacaram o Parlamento antes de se retirar a seus motins, continua tensa e confusa.
Perante a precipitação dos eventos, o governo propôs ao Parlamento avançar rumo a um consenso nacional entrando em contato com todos os grupos armados e realizar eleições antes de 15 de agosto.
O governo da Líbia propôs nesta segunda-feira (19) à Assembleia Legislativa a realização de eleições parlamentares antes de 15 de agosto e a busca de um "consenso nacional" para superar a profunda crise que o país atravessa.
Após destacar "o perigo da atual etapa da história líbia", o Executivo apresentou uma "iniciativa nacional" que inclui uma repetição da votação parlamentar para confirmar Ahmad Maitiq como primeiro-ministro.
Maitiq foi eleito pelos legisladores em 4 de maio chefe do governo em uma escolha carregada de polêmica e que muitos deputados contestaram.
O presidente do Parlamento, Nouri abu Sahmin, teve que desautorizar o vice-presidente, Azeldin al Awani, que havia invalidado a designação de Maitiq.
A iniciativa governamental diz que caso Maitiq não receba apoio suficiente, em uma votação secreta, o atual gabinete liderado por Abdallah Al-Thani, que apresentou sua renúncia em 13 de abril após sofrer um atentado do qual saiu ileso, siga dirigindo os assuntos diários do país.
O Executivo também sugeriu ao Parlamento que, após sua próxima sessão, na qual está prevista escolha do primeiro-ministro e que se aprove o orçamento do Estado, seja realizada um período de descanso até a eleição do próximo Congresso Nacional geral, que deverá ser realizada antes de 15 de agosto.
Além disso, o Executivo se mostrou a favor de criar uma "comissão ministerial" para entrar em contato com "todas as formações armadas" para alcançar um acordo nacional que inclua o compromisso de não violência contra os próprios líbios.
A equipe do governo interino também afirmou que "as decisões do Estado-Maior do exército e o chefe do Estado-Maior devem ser tomadas após consultas e com a anuência do governo quando as decisões possam acarretar graves repercussões sobre a sensível situação na Líbia".
A proposta do Executivo coincide com um momento de grande tensão no país, imerso em uma profunda crise política e institucional diante da incapacidade do governo de impor sua autoridade.
Na sexta-feira passada (16), o general reformado Jalifa Hafter, ao comando de homens armados e militares fiéis, lançou um ataque contra vários quartéis de milícias em Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Após o ataque, no qual morreram 70 pessoas e 141 ficaram feridas, os homens de Hafter, que contaram com apoio aéreo e artilharia pesada, se refugiaram em três bairros da periferia da cidade.
Domingo (18), duas milícias da cidade de Zintan, situada ao sudoeste de Trípoli, atacaram a sede do Parlamento e semearam o caos e a confusão na capital.
Embora a cidade tenha amanhecido nesta segunda (19) em calma, após uma jornada de combates, que continuaram durante parte da noite em uma zona próxima ao aeroporto, onde ambas as formações armadas mantêm seus quartéis, permanecem a tensão, o desconcerto e a incerteza.
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