O presidente-executivo da Apple, Steve Jobs: imagem da empresa está diretamente ligada à do executivo| Foto: Norbert von der Groeben/Reuters

Substituto

Mais discreto, Tim Cook não é "showman"

Tim Cook, 50, o diretor de operações da Apple, vai assumir as funções de Steve Jobs no dia a dia da companhia de tecnologia, mas o papel de "showman’’ provavelmente ficará vago, esperando a volta do presidente-executivo.

Não que Cook seja recluso. Ele, por exemplo, foi o representante da Apple no anúncio na semana passada de que a Verizon vai começar a vender o iPhone nos EUA e também apareceu na coletiva em que a empresa anunciou os problemas na antena do iPhone 4, no ano passado.

Nada com o destaque, porém, recebido por Jobs e suas apresentações.

O executivo, que está na empresa desde 1998, tem o perfil de quem toca o dia a dia da companhia e foi o responsável por transformar a cadeia de fornecedores da Apple, tornando-a mais eficiente.

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Nova York - Pela terceira vez em oito anos, Steve Jobs, de 55 anos, o fundador e presidente-executivo da Apple, pediu licença médica pa­­ra cuidar da sua saúde, colocando em suspenso os rumos daquela que é hoje a segunda maior empresa global em valor de mercado.

Em e-mail enviado aos funcionários da Apple, Jobs afirmou que a companhia lhe concedeu licença médica para que ele possa "focar na saúde’’, sem dar detalhes de qual é o seu problema. O executivo fez o mesmo em 2004, quando descobriu que tinha câncer no pâncreas, e no primeiro semestre de 2009, quan­­­­do passou por um transplante de fígado.

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Jobs afirmou no e-mail que continuará como presidente-executivo e envolvido nas "principais decisões estratégicas’’ da em­­presa. O comando da companhia no dia a dia fica com Tim Cook, diretor de operações, repetindo o que ocorreu nas duas ou­­tras au­­sências.

Ações

Com o anúncio, os papéis da Apple recuaram 6,2% na Bolsa de Frankfurt. Nos Estados Uni­­dos, o impacto do afastamento de Jobs nos papéis da empresa será co­­nhecido hoje, já que os mercados americanos estavam fechados ontem devido a um feriado.

Em 2009, quando Jobs se au­­sentou pela última vez, as ações da companhia recuaram no dia do anúncio, mas se valorizaram em 66% nos quase seis meses em que ficou fora, sustentados pelos novos modelos de iPod e iPhone.

Incerteza

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Mais do que com os resultados de curto prazo, a grande preocupação é com o rumo da Apple caso a ausência de Jobs seja prolongada. A imagem da Apple está amplamente associada à de Jobs, que foi o responsável pela retomada da empresa desde o seu retorno, em 1996 (após 12 anos fora), com a introdução de produtos como iMac, iPod, iPhone e, mais recentemente, iPad.

Desde a sua volta, a Apple passou de uma empresa que vinha perdendo para a Microsoft cada vez mais espaço para a segunda maior do mundo em valor de mer­­cado, só atrás da petroleira ExxonMobil, apesar de ter um faturamento muito inferior.

Jobs é conhecido por estar di­­retamente envolvido nos projetos da companhia, com atenção aos mínimos detalhes, e buscando prever quais serão as necessidades dos consumidores.

Por isso, as dúvidas sobre o que pode ocorrer com a em­­presa caso Jobs não consiga re­­tomar suas funções. Ainda que os próximos projetos estejam encaminhados, é difícil imaginar que algum outro executivo consiga ter as mesmas ligações que ele tem com a Apple.