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Líder chavista acusa governo argentino de “sequestrar” avião venezuelano

Diosdado Cabello, número dois do chavismo
Diosdado Cabello, número dois do chavismo, fala em coletiva de imprensa em Caracas em 14 de fevereiro de 2022. (Foto: EFE / Rayner Peña R.)

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O primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, exigiu nesta segunda-feira o retorno, o mais rápido possível, do avião venezuelano-iraniano retido na Argentina desde o início de junho e que, para ele, está "sequestrado" pelo país.

"Exigimos o retorno do avião venezuelano ao governo do senhor (presidente argentino, Alberto) Fernández e que ele devolva esse avião ao nosso território o mais rápido possível, e que toda a tripulação seja trazida de volta ao nosso país. Esta é uma questão política do presidente Fernández", disse o segundo principal líder político chavista em uma entrevista transmitida pelo canal estatal "VTV".

Cabello alegou que o avião está "sequestrado pela Argentina" com "toda intenção de confiscar um bem que pertence a todos os venezuelanos".

"Não entendemos qual é a crueldade contra nosso país. Nós não entendemos. Sabemos que ele (Fernández) tem alguém que lhe dá ordens, porque isso é cumprir uma ordem do imperialismo. Depois surge uma ordem judicial de Miami (EUA), que eles estão dispostos a cumprir, mas não estão dispostos a cumprir com as leis e regulamentos do direito internacional", afirmou.

Na última terça-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos pediu à Argentina que lhe permita confiscar a aeronave venezuelano-iraniana retida desde 6 de junho por possíveis ligações com o terrorismo internacional.

De acordo com os EUA, as aeronaves fabricadas no país, como essa (um Boeing 747-300M) estão sujeitas a sanções, porque sua transferência por parte da empresa iraniana Mahan Air para a Emtrasur, uma subsidiária do Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviços Aéreos (Conviasa), viola as leis de exportação americanas.

Ambas as empresas foram sancionadas pelos EUA por suposta colaboração logística com organizações terroristas.

Segundo Cabello, o avião "não estava carregando armas (...), nem estava colocando em perigo a segurança de ninguém".

"Ao contrário, eles (argentinos) colocaram em perigo a segurança da tripulação, negando-lhes combustível (para reabastecimento) e colocando (a aeronave) para voar até que ele acabasse", acrescentou.

Cabello alegou que o governo argentino é "o único responsável" pelo que acontece com o avião e sua tripulação, composta por 19 pessoas - cinco iranianos e 14 venezuelanos -, das quais 12 foram libertadas na última terça-feira a mando do juiz do caso, enquanto as outras sete continuam retidas.

Entenda o caso

O avião entrou na Argentina em 6 de junho procedente do México, com uma escala na Venezuela, presumivelmente para transportar carga para uma companhia automotiva, e dois dias depois decolou para o Uruguai para reabastecer, mas aterrissou novamente no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, porque o país vizinho não lhe permitiu pousar.

As companhias de petróleo argentinas não reabasteceram o avião por receio de sanções dos EUA. Em 11 de junho, foi noticiado que o governo argentino ordenou a imobilização do avião.

Alguns dias depois, um juiz ordenou que os passaportes dos membros da tripulação - cinco iranianos e 14 venezuelanos — que de outra forma teriam total liberdade de movimento, fossem retidos e eles impedidos de sair do país, enquanto o avião era retido a fim de obter mais informações sobre o avião e o que os membros da tripulação faziam em Buenos Aires.

Um dos pilotos, o iraniano Gholamreza Gashemi, tem o mesmo nome de um membro das Forças Quds — uma divisão da Guarda Revolucionária Islâmica — definida pelos Estados Unidos como instrutores do Hezbollah.

O caso gerou forte repercussão na Argentina, um país que sofreu dois ataques terroristas nos anos 90 — contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) e contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires — para os quais o sistema judicial local aponta a participação do grupo Hezbollah e dos membros do então governo iraniano.

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