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O homem mais procurado do Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, apareceu nesta terça-feira em um vídeo divulgado via internet, em que encorajou os combatentes do Iraque a continuarem com sua "guerra santa", além de declarar a sua obediência a Osama Bin Laden e ameaçar os grupos insurgentes que pensam em declarar uma trégua. Uma nota do Conselho Mujahideen publicada junto com a gravação diz ser este o primeiro vídeo do líder da Al-Qaeda no Iraque.

Nesta quarta-feira, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, e a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, chegaram de surpresa a Bagdá com a intenção de mostrar o apoio de seu governo aos novos líderes políticos iraquianos. Condoleezza desembarcou poucas horas depois da chegada de Rumsfeld.

No vídeo, Zarqawi disse que o novo governo do país foi criado apenas para ajudar os Estados Unidos a encontrarem uma saída para o seu suplício no Iraque.

- A América não percebeu hoje que seus tanques, exércitos e agentes xiitas não serão capazes de acabar a batalha com os mujahideen (os guerreiros da Jihad). Por isso, os EUA criaram um plano para apertar o nó em torno do pescoço dos sunitas e salvar os americanos - disse Zarqawi na gravação em vídeo, datada de 21 de abril.

- Seus filhos mujahideen foram capazes de confrontar a mais feroz das campanhas dos cruzados em um Estado muçulmano. Eles permanecem de pé diante desta carnificina há três anos - acrescentou.

- Quando o inimigo cruzado entrou no Iraque, pretendia controlar a nação islâmica e apoiava o Estado sionista - disse ainda Zarqawi, que vestia roupas pretas e verdes, em estilo militar, e tinha um rifle a seu lado.

Além disso, o líder terrorista desmentiu os rumores de seu afastamento da direção do Conselho de Mujahedins, a organização que se apresentou em janeiro como unificadora dos diferentes grupos da insurgência iraquiana.

Zarqawi, que aparece em excelente forma, não assume nenhuma ação terrorista recente e só fala da necessidade de continuar a "jihad" (guerra santa) no Iraque contra os "cruzados".

O líder da Al-Qaeda no Iraque, que até agora só se manifestava em gravações de áudio, também apareceu treinando ao ar livre com um grupo de homens mascarados.

As imagens de Zarqawi, amplamente divulgadas pela rede de televisão Al Jazeera, foram apresentadas dois dias depois de o próprio Bin Laden divulgar uma mensagem de voz, na qual voltou a ameaçar o Ocidente. Na véspera, um atentado provavelmente cometido por extremistas islâmicos, embora ninguém tenha reivindicado a autoria, deixou 23 mortos na cidade turística egípcia de Dahab.

Em alguns momentos, Zarqawi aparece sentado numa sala, cercado por vários seguidores. Outras cenas mostram o líder em campo aberto, numa região desértica que o vídeo identifica como pertencente à vasta província de Al Anbar, no oeste do Iraque.

Todos os homens que também aparecem no vídeo estão vestidos de negro e com capuzes tapando o rosto. Zarqawi usa um lenço amarrado na cabeça e exibe uma barba cerrada.

Segundo as primeiras análises das emissoras árabes, a mensagem de Zarqawi tem como primeiro objetivo questionar a legitimidade do governo iraquiano.

- Qualquer governo criado no Iraque, seja com os curdos ou com os sunitas, será um agente de Washington, e partidário dos cruzados - alerta ele na gravação.

Na sua mensagem, Zarqawi critica as recentes eleições iraquianas, que considera nada mais que "uma tentativa de tirar os EUA do atoleiro em que se encontram no Iraque, onde vem caindo a moral dos soldados americanos, dirigidos por generais judaizantes e cruzados".

Mas, além disso, a mensagem desmente os boatos sobre o estado de saúde e os ferimentos do líder da Al-Qaeda no Iraque.

- Tenho a honra de ser membro do Conselho de Mujahedin, além de emir (príncipe) da Al-Qaeda na Mesopotâmia - diz Zarqawi em sua mensagem, com uma nitidez incomum nas mensagens dos grupos terroristas que atuam no Iraque.

O terrorista jordaniano cita Osama bin Laden e o chama de "grande príncipe", deixando clara a sua obediência.

A inexistência de imagens de Zarqawi fazia alguns especialistas duvidarem até mesmo da sua existência. Outros acham que isso aumenta a sua importância entre os inúmeros grupos que operam no Iraque.

Zarqawi, condenado quatro vezes à morte em seu país, está sendo julgado por rebeldia. Ele é acusado de ser o autor intelectual do atentado suicida contra três hotéis da Jordânia, em novembro do ano passado, que provocou 60 mortes.

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