O líder opositor russo, Alexei Navalny, morreu de forma repentina nesta sexta-feira (16) na prisão do Ártico, onde estava desde dezembro do ano passado, segundo os serviços penitenciários do país.
"Foram realizados os procedimentos de reanimação necessários, que não deram nenhum resultado. Os médicos de emergência confirmaram a morte do condenado. As causas do falecimento estão sendo apuradas", afirma o comunicado oficial sobre a morte de Navalny, de 47 anos.
A nota detalha que, depois de caminhar pela penitenciária IK-3, na localidade de Jarp (distrito autônomo de Iamália-Nenétsia), o político da oposição “sentiu-se mal”, vindo a "perder a consciência”.
Equipes médicas de emergência foram ao presídio para tratar Navalny e os serviços penitenciários anunciaram o envio de uma comissão de funcionários específicos e médicos de seu aparato central em Moscou para esclarecer as causas e circunstâncias da morte do recluso.
A porta-voz de Navalny, Kira Yarmish, afirmou que os correligionários do opositor ainda não têm a confirmação da morte e que seu advogado partirá em breve para Iamália-Nenétsia.
Condenações e perseguição política
O ativista cumpria quase 30 anos de prisão por diversos crimes que negava ter cometido contra o governo de Putin, entre eles a "criação de um grupo para o financiamento de atividades extremistas". Isso porque Navalny divulgou uma suposta rede de corrupção envolvendo o Kremlin em sua organização, o Fundo de Luta Contra a Corrupção (FBK), criado em 2011 e proibido de atuar há mais de dois anos.
O FBK foi criticado e combatido pelo Kremlin porque denunciou o enriquecimento ilícito de funcionários de alto escalão, incluindo o presidente russo, a quem acusou em 2021 de ter um palácio suntuoso às margens do Mar Negro.
Ele cumpria nove anos de prisão quando os tribunais russos aplicaram uma nova pena, elevando a sentença para quase 30 anos. O ativista acusava o governo russo de censura e de forjar provas para incriminá-lo.
Navalny, que regressou à Rússia em 2021 depois de ter sido envenenado no ano anterior - segundo seus aliados, pelo Serviço de Segurança Federal -, foi transferido de presídio após anunciar uma campanha contra a reeleição do presidente russo, Vladimir Putin, no poder desde 2000.
O processo de transferência para outra prisão, conhecido como “etapirovanie”, pode levar semanas, período durante o qual o preso é frequentemente mantido incomunicável. Tanto os Estados Unidos, como a União Europeia (UE) e a Anistia Internacional (AI) expressaram sua preocupação com o destino de Navalny, o inimigo número um do Kremlin.
Em 7 de dezembro, Navalny pediu do centro de detenção para que os russos votassem contra Putin nas eleições de 17 de março de 2024.
Navalny também anunciou o lançamento de um site que pedia aos russos que apoiassem qualquer candidato à presidência, exceto Putin.
Prisão no Ártico
Em dezembro do ano passado, Navalny foi transferido de uma prisão na região de Vladimir, a menos de 200 quilômetros de Moscou, para um presídio no Círculo Polar Ártico, perto da cordilheira dos Urais.
A cidade de Jarp, que tem cerca de seis mil habitantes, fica a quase dois mil quilômetros de Moscou ou a cerca de 45 horas de trem da capital russa.
Jarp fica a menos de 50 quilômetros de Salekhard, capital administrativa deste território que tem uma área maior que a de França, mas é habitado por apenas meio milhão de habitantes.
Segundo um de seus colaboradores no exílio, Ivan Zhdanov, a prisão leva o nome de "Lobo Polar" e é considerada uma das mais distantes da civilização em todo o país.
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