Em entrevista à rede de televisão americana CNN, o líder da oposição síria, Burhan Ghalioun, disse que o Irã e o grupo libanês Hezbollah estão arriscando suas relações com a Síria ao defender o presidente Bashar al-Assad. O chefe do Conselho Sírio Nacional ainda acusou Teerã de "participar da repressão contra o povo sírio" e disse que o levante poderá culminar em uma intervenção militar estrangeira.
"Espero que os iranianos percebam a importância de não comprometer a relação Irã-Síria defendendo um regime rejeitado por seu próprio povo, um regime que se tornou um sistema de tortura de sua própria população", disse Ghalion, em entrevista que foi ao ar nesta terça-feira.
Sobre os libaneses do Hezbollah, tradicionais aliados de Damasco, Ghalioun disse que os sírios estão começando a abandonar seu apoio ao grupo, porque ficaram "surpresos" quando o Hezbollah decidiu não apoiá-los na luta por liberdade e contra a repressão.
As Nações Unidas estimam que mais de 4 mil pessoas tenham morrido nos últimos nove meses na Síria, quando começaram os protestos antigovernistas no país. Na segunda-feira, mais de 60 corpos foram levados a hospitais da cidade de Homs, reduto anti-Assad. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ONG baseada em Londres, milícias pró-governo sequestraram e mataram pelo menos 34 pessoas.
Apesar de relatórios da ONU comprovarem a existência da repressão liderada pelo governo de Damasco, autoridades sírias insistem que estão sendo alvo de conspiração internacional e grupos armados. Na semana passada, a ONU alertou para o fato de o país já se encontrar em estado de guerra civil, uma vez que o número de desertores do Exército tinha aumentado consideravelmente, e os dissidentes começaram a se armar.
Poucas horas antes do anúncio da matança em Homs, o governo sírio deu o primeiro sinal concreto de que sentiu o peso das sanções econômicas impostas pela Liga Árabe. Em carta à entidade, o chanceler Walid al-Muallem disse que o país aceita receber uma missão de observadores estrangeiros, mas estabeleceu as seguintes condições: a assinatura de um protocolo de entendimento em Damasco e a suspensão das sanções".
A Liga Árabe, que teve sistematicamente todos os seus prazos para a implantação de um plano de paz visando ao fim da violência ignorados por Assad, se manteve cautelosa.
"Essas sanções estão em vigor até que outra medida seja adotada pelos ministros do Exterior da Liga. As condições estão sendo discutidas e nada foi decidido ainda", declarou o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el-Araby.