O presidente das Maldivas, que havia se tornado em 2008 o primeiro líder democraticamente eleito do país em três décadas, renunciou nesta terça-feira após semanas de protestos públicos em alguns momentos violentos contra sua controversa ordem de prisão contra um graduado juiz.
O presidente Mohamed Nasheed apresentou sua renúncia em um discurso televisionado na tarde desta terça-feira (hora local), após a polícia se unir a manifestantes e entrar em confronto com soldados nas ruas. "Eu sinto que se eu ficar no poder isso apenas aumentará os problemas, e irá machucar nossos cidadãos", afirmou Nasheed. "Então a melhor opção disponível para mim é renunciar."
Nasheed deve entregar o poder ao vice-presidente Mohammed Waheed Hassan. A renúncia ocorre após semanas de protestos na nação do Oceano Índico, mais conhecida por seus resorts e praias que pelas disputas políticas.
A renúncia marca um duro revés para Nasheed, ex-ativista pelos direitos humanos que derrotou o homem que comandou o país por muito tempo nas primeiras eleições multipartidárias da história das Maldivas.
Nasheed perdeu apoio público após ordenar que os militares prendessem Abdulla Mohamed, juiz que chefia o Tribunal Criminal do país. A ordem foi dada após o magistrado ordenar a libertação de um crítico do governo argumentando que a detenção dele havia sido ilegal. O vice-presidente, a Suprema Corte, a Comissão de Direitos Humanos, a Comissão de Serviços Judiciários e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos haviam pedido a libertação do dissidente.
Após semanas de protestos, a crise culminou com centenas de policiais nas ruas de Male, capital do país, protestando contra o governo. Os policiais deixaram de monitorar protestos pró e contra o governo, o que resultou em confrontos que feriram pelo menos três pessoas.
As Maldivas são uma nação de 300 mil habitantes, que viveu durante 30 anos sob um regime autocrático, até a eleição em 2008 de Nasheed.
Antes do atual presidente, as Maldivas foram comandadas três décadas por Maumoon Abdul Gayoom. Os protestos desta terça-feira foram liderados por pessoas próximas de Gayoom, segundo um funcionário do escritório da presidência. A imprensa local informou que Gayoom estava viajando na Malásia. O graduado juiz acusado por Nasheed era apontado pelo governo como um aliado de Gayoom. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
PGR deixa decisão sobre tornar Bolsonaro réu por suposto golpe de Estado para 2025
Emendas no marco das eólicas em alto-mar criam “13ª conta de luz” para o brasileiro pagar
Aborto até 9 meses quase passa no Conanda, que pode retomar tema dia 11
Por que a PEC dos Militares divide governo Lula e base no Congresso