Numa demonstração de que a repressão contra opositores não deve ter trégua em Cuba no novo governo, de Míguel Díaz-Canel, pelo menos nove integrantes do grupo Damas de Branco foram detidas no primeiro domingo após a posse do sucessor de Raúl Castro em Havana, entre elas a líder do movimento, Berta Soler.
A informação foi dada à reportagem por Angel Moya, marido de Soler, que também ficou preso por oito anos durante o regime castrista.
Berta foi detida, junto com outras damas de branco, na sede do movimento, quando elas protestavam pela libertação dos presos políticos. “Até o momento, foram nove damas de branco", disse Moya, na tarde deste domingo (22).
Como de costume, o grupo, formado por mulheres e parentes de presos políticos, saiu às ruas neste domingo, mas em grupos separados e bem menores do que em anos anteriores. Segundo Moya, as integrantes foram detidas em diferentes lugares.
"Até o momento, estão desaparecidas, porque não sabemos onde se encontram e os repressores também não dizem", afirmou. Até a conclusão desta reportagem, não havia informação se elas tinham sido liberadas.
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Segundo opositores, nos últimos dois anos, a tática de repressão do regime cubano mudou, com detenções mais rápidas, de apenas algumas horas, para evitar protestos e mobilizações.
Na véspera da posse de Díaz-Canel, na última quinta (19), Soler conversou com a reportagem do jornal Folha de S. Paulo e disse acreditar que o regime seguiria reprimindo os opositores mesmo com a saída de Castro da presidência do Conselho de Estado. O general segue à frente das Forças Armadas e do Partido Comunista Cubano, que é, de fato, o responsável pelas decisões políticas no regime.
"Raúl e Fidel são o mesmo, mas Raúl ainda reforçou a repressão e não há nada que nos sinalize que o próximo governo será menos opressor", disse Soler à reportagem na última quarta-feira (18). Naquele dia, ela afirmou que as damas de branco seguiriam com as manifestações aos domingos.
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Na última semana, Soler estimava haver mais de 80 presos políticos no país. Segundo Manuel Cuesta Morúa, porta-voz do pequeno partido não reconhecido Arco Progressista, o regime vinha, nos últimos anos, mirando dissidentes que não estejam em posições de liderança, para fazer "menos barulho" -o que não é o caso de Soler.
"Neste momento, vamos continuar a luta", disse Moya. "O governo vai seguir reprimindo, porque a política cubana é repressora contra os direitos humanos. Então não esperamos nenhuma conduta positiva em relação aos direitos humanos", completou.
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