Os advogados de Abimael Guzmán, líder da temida guerrilha peruana Sendero Luminoso, informaram na quinta-feira que fizeram um apelo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos esperando obter um novo julgamento para seu cliente.
Alfredo Crespo, principal advogado do guerrilheiro, disse que o tribunal civil que sentenciou Guzmán à prisão perpétua, em 2006, foi falho e ignorou procedimentos legais básicos.
Os advogados querem a realização de um novo julgamento, em corte internacional, para Guzmán, de 74 anos, e sua parceira, Elena Iparraguirre, além de vários outros membros do grupo guerrilheiro que estão presos.
Crespo disse que a condenação de 2006 foi baseada na definição do Sendero Luminoso como um grupo terrorista e criminoso, classificação que a defesa considera equivocada, pois seus membros dizem pertencer ao braço armado do Partido Comunista no Peru.
"Eles pegaram em armas por razões políticas, para mudar o país, mas eles não eram uma organização criminosa", disse Crespo a repórteres.
Durante duas décadas de conflitos internos, iniciados em 1980, mais de 69 mil peruanos foram mortos nas lutas entre grupos de esquerda liderados pelo Sendero Luminoso e o Exército, além de grupos camponeses vigilantes.
Alguns membros do Congresso estão tentando aprovar uma lei que daria anistia aos militares acusados de violar os direitos humanos durante o conflito. Crespo afirmou que, se a lei passar, ela também deve ser estendida para os insurgentes, caso contrário a reconciliação política não pode acontecer.
Guzmán, ex-professor de filosofia, foi capturado em 1992 e logo sentenciado à prisão perpétua em uma corte militar na qual os juízes usavam capuzes para cobrir os rostos. O governo peruano o julgou novamente em uma corte civil, mas críticos afirmam que este julgamento também não cumpriu as normas internacionais.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, parte da Organização dos Estados Americanos, não estava disponível para comentar de imediato.
Desde agosto, o presidente do Peru, Alan García, está enviando soldados às regiões produtoras de coca a fim de destruir o que resta do Sendero Luminoso - segundo autoridades de segurança, o grupo ainda tem 300 membros que traficam cocaína.
Embora o movimento tenha perdido força, o Sendero Luminoso matou cerca de vinte civis ou soldados nos últimos dois meses, em uma série de ataques no país, que é o segundo maior produtor de cocaína do mundo.