Um dos mais notórios líderes milicianos do Afeganistão manifestou na segunda-feira apoio à reeleição do presidente Hamid Karzai, no último dia de campanha para a eleição desta semana.
O resultado do pleito de quinta-feira depende em grande parte da violência que o Taleban possa causar e da influência dos ex-chefes milicianos. O principal rival de Karzai, Abdullah Abdullah, realizou um comício frenético na capital Cabul.
No norte, milhares de seguidores promoveram uma alucinada recepção ao general Abdul Rashid Dostum, ex-chefe de uma milícia uzbeque que voltou no domingo ao país, deixando seu exílio na Turquia.
"Precisamos ir com Hamid Karzai para o futuro", disse Dostum no comício na árida Shiberghan, sua cidade natal.
As pesquisas dão cerca de 45 por cento dos votos a Karzai, uma vantagem expressiva, mas que não basta para evitar um segundo turno contra Abdullah, que foi chanceler do atual presidente e tem forte apoio da etnia tadjique do norte.
O apoio de Dostum pode garantir a maioria absoluta dos votos a Karzai. Por outro lado, os EUA e a ONU veem com temor o possível retorno do ex-general a um cargo público.
"Não devemos permitir que haja segundo turno. Apoiem Hamid Karzai", disse Dostum, sob forte segurança, antes de atirar para a multidão exemplares de um manifesto político com capa em veludo vermelho. "Haverá um dia, se Deus quiser, quando poderei ajudar todo o povo do Afeganistão outra vez", afirmou.
Houve um tumulto atrás do palanque antes da chegada de Dostum. Um menino de 15 anos puxou um coro que dizia "nosso rei está chegando".
Já o comício de Abdullah, no Estádio Olímpico Nacional - local outrora usado para execuções do Taleban -, foi quase tão caótico quanto. Os seguranças usaram as coronhas dos rifles para afastar seguidores mais exaltados.
Alguns participantes pressionaram os portões e quebraram portas de vidro para chegar mais perto de Abdullah, um oftalmologista de origem urbana. Outros se penduravam precariamente a uma torre de iluminação. Uma plataforma improvisada, que era usada por jornalistas, caiu, deixando várias pessoas levemente feridas.
O risco de violência pode prejudicar as chances de Karzai vencer no primeiro turno. Militantes do Taleban ameaçam perturbar o pleito, o que pode reduzir o comparecimento, especialmente no sul do país, onde a maioria pashtun habitualmente apoia o presidente, que é dessa etnia.
O segundo turno, se houver, ocorrerá no começo de outubro.