Autoridades do Zimbábue confiscaram nesta quinta-feira (14) o passaporte do líder oposicionista Morgan Tsvangirai, ameaçando impedi-lo de deixar o país para participar de uma cúpula regional na África do Sul, disse um integrante do partido Movimento para a Mudança Democrática (MDC), ao qual pertence o político. Andrew Chadwick, líder do MDC, disse que os documentos foram devolvidos sem que fossem dadas explicações.
Tsvangirai disse ter sido convidado para comparecer à cúpula da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês), que terá o presidente sul-africano Thabo Mbeki como anfitrião. Mbeki media um acordo para a partilha do poder no Zimbábue entre a oposição e o presidente zimbabuano, Robert Mugabe.
A partida do líder oposicionista foi atrasada depois quando agentes da Organização Central de Inteligência confiscaram os documentos emergenciais de viagem usados por Tsvangirai, além dos passaportes de outros integrantes de seu partido. Tsvangirai tem usado documentos emergenciais de viagem desde que o governo do Zimbábue se recusou a renovar o passaporte do líder oposicionista quando o documento venceu.
As negociações sobre um governo de coalizão entraram em um impasse nessa semana devido a divergências em torno dos postos de liderança. O incidente no aeroporto deve elevar as tensões entre Mugabe e Tsvangirai, além de provocar constrangimento a Mbeki, criticado por ser brando demais com o presidente do Zimbábue, alegando que pressões somente agravariam os problemas do país.
A repórteres, Tsvangirai havia dito pouco antes da apreensão de seu documento de viagem que tem certeza sobre a retomada das negociações com Mugabe. Segundo o oposicionista, o processo não poderia ser avaliado devido ao impasse em torno de uma questão. E disse que sempre haveria pessoas capazes de superar esses impasses.
Questionado pelos repórteres sobre se confiava na assinatura de um acordo, Tsvangirai respondeu: "Ah, sim, claro. Obtivemos nossa independência depois de quantas negociações? Centenas de encontros foram realizados."
As discussões sobre a formação de um governo conjunto iniciaram-se no mês passado depois de, em junho, Mugabe ter concorrido como candidato único no segundo turno das eleições presidenciais. O processo foi condenado pela comunidade internacional e boicotado por Tsvangirai por causa das agressões sofridas por simpatizantes dele.
Até agora, as negociações realizadas em Harare, ao longo de três dias, não resultaram em um acordo.