Daniel Ceballos teria sido levado de casa por agentes do governo, de madrugada.| Foto: Christian Veron/Reuters/Arquivo

Um dos líderes da oposição venezuelana, Daniel Ceballos, foi mais uma vez preso neste sábado (27) após agentes da inteligência do país terem entrado em sua casa antes do amanhecer, em um movimento classificado pelo governo como necessário para prevenir atos de violência, mas que causou revolta na oposição e chamou a atenção de grupos de direitos humanos.

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Segundo a esposa de Ceballos, Patricia Gutierrez, os agentes chegaram por volta das 3h da manhã (horário local), sem aviso prévio, e levaram o seu marido em uma ambulância, dizendo que ele passaria por exames médicos. Em vez disso, transportaram Ceballos para uma prisão em Guarico, a mesma onde ele ficou detido até agosto de 2015, quando recebeu o direito de ficar em prisão domiciliar, em razão de problemas renais.

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Antes da prisão, a oposição vinha prometendo um protesto em massa na próxima quinta-feira (1°) para exigir que as autoridades permitam um plebiscito. Um sucesso do “sim” interromperia o mandato do presidente e Nicolás Maduro e desencadearia novas eleições. O governo disse que Ceballos estava planejando fugir antes dos protestos e realizar atos violentos.

“As evidências compiladas nos permitem continuar a avançar nas necessárias investigações para prevenir, detectar e neutralizar qualquer ato que tenha como objetivo desestabilizar nosso sistema democrático”, disse o Ministério do Interior em um declaração.

Gutierrez publicou um vídeo de telefone celular em que Ceballos e sua filha podiam ser ouvidos trocando gritos de “Eu te amo”, enquanto uma ambulância é visto estacionada em frente ao prédio.

“Esta é a forma como a minha filha Victoria disse adeus a seu pai”, disse Gutierrez no Twitter. “A ditadura não vai destruir minha família. Liberdade virá em breve”.

A transferência alarmou opositores do governo e grupos de direitos humanos. “Autoridades na Venezuela parecem estar dispostas a parar em nada na sua

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busca para impedir que alguém faça críticas ao governo, principalmente em um momento em que a política e a situação humanitária no país continua, a deteriorar-se”, disse Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas no grupo de direitos Anistia Internacional.