O líder do Amanhecer Dourado - o partido neonazista da Grécia -, o ex-militar Nikolaos Michaloliakos, e outras pessoas do alto escalão do partido foram detidos neste sábado pela polícia por envolvimento na morte do cantor de hip-hop e ativista Pavlos Fyssas, assassinado na semana passada.
Entre os detidos também está o porta-voz do partido no Parlamento, Ilias Kasidiaris, e o secretário da organização local no bairro de Nikea, em Atenas, da qual pertencia Giorgos Roupakias, o assassino confesso de Fyssas.
As detenções acontecem no mesmo dia em que foi convocada uma manifestação para exigir a renúncia do governo por parte de uma associação de reservistas das forças especiais do Exército e outra de militares da ativa, ambas com ideologia ultranacionalista.
No total, a promotoria emitiu 38 ordens de prisão contra a cúpula do Amanhecer Dourado, inclusive seis parlamentares, das quais 13 foram realizadas por enquanto.
Várias pessoas do alto escalão do partido e parlamentares foram presos em suas casas durante a madrugada de hoje, enquanto outro, o deputado Ilias Panagiotaros, se entregou pessoalmente à polícia.
Na justificativa da ordem de prisão, os membros de Amanhecer Dourado são acusados de "formação de quadrilha" e de participação em vários crimes, entre eles homicídio, atentado a bomba e agressões físicas.
Além disso, existe uma investigação em curso sobre as fontes de financiamento do partido na qual, segundo o canal "Skaï", o Amanhecer Dourado é acusado de lavagem de dinheiro, extorsão e participação no tráfico de pessoas.
Por causa do assassinato de Fyssas, no dia 18 de setembro, foi aberta uma investigação no Exército e outra na polícia para comprovar supostas ligações de membros das forças de segurança com o partido neonazista.
Por enquanto, cerca de 20 funcionários do alto escalão da polícia foram substituídos de suas funções, suspensos do emprego ou pediram demissão por causa das investigações.
Em declarações à imprensa, o deputado neonazista Giorgos Germenis disse que "tiveram que desmantelar a polícia e os serviços secretos para conseguirem prejudicar o Amanhecer Dourado, um partido que conta com apoio de 15% do eleitorado".
A organização neonazista conseguiu 6,9% dos votos nas últimas eleições, entrando pela primeira vez no Parlamento com 18 deputados, e atualmente é o terceiro partido em intenções de voto (que varia entre 7% e 15%, segundo as pesquisas).
As ordens contra os dirigentes do Amanhecer Dourado, muitos dos quais são parlamentares, puderam ser emitidas porque a câmara aceitou suspender a imunidade dos mesmos para permitir a investigação do assassinato de Fyssas.
Mesmo assim, os deputados presos mantêm seus direitos como parlamentares até que haja uma decisão judicial contra eles.
Trata-se da primeira ocasião desde o fim da ditadura (1967-1974) em que membros do Parlamento são detidos na Grécia.
No entanto, o líder de Amanhecer Dourado, Nikolaos Michaloliakos, já tinha passado pela prisão no final da década de 1970 quando, enquanto era militar, foi detido junto com outros uniformizados e acusado de criar uma organização terrorista de caráter fascista.
Finalmente, a cooperação de Michaloliakos com as forças de segurança lhe rendeu uma redução de pena e só foi condenado por "posse de armas e explosivos", por isso cumpriu 13 meses de prisão.