Ouça este conteúdo
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, descartou a escalada regional imediata do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O pronunciamento, realizado na sexta-feira (3), era aguardado com expectativas por ambos os lados, pois esperava-se que ele pudesse indicar as intenções do Hezbollah e, portanto, do Líbano de se lançarem em uma guerra mais ampla contra Israel.
O que torna o posicionamento de Nasrallah mais significativo é que não exprime somente a posição do Hezbollah, mas também do Irã e de seus aliados. O discurso foi feito após o líder do grupo terrorista ter se reunido com autoridades iranianas, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian, e o comandante da Força Quds dos Guardas Revolucionários, que estiveram essa semana em Beirute.
Ainda que tenha elogiado os ataques do Hamas de 7 de outubro que deram início à guerra, Nasrallah deixou claro que a iniciativa foi unicamente de autoria do Hamas, sem envolvimento do Hezbollah ou do eixo da resistência, uma coalização regional contrária a Israel e liderada pelo Irã.
Ele disse que a operação foi 100% palestina em termos de decisão e execução. “Esta operação não tem qualquer influência em qualquer decisão ou movimento a ser tomado por qualquer outra facção dentro do eixo da resistência”, conforme reportado pela rede de notícias árabe Al Jazeera.
“A qualquer momento, quando há uma batalha, eles começam a falar sobre o programa nuclear iraniano, as negociações EUA-Irã”, disse. Por outro lado, ele responsabilizou os Estados Unidos e seu apoio a Israel pelos conflitos em Gaza.
Analistas favoráveis a Israel avaliaram o discurso, cheio de retóricas e de elogios aos terroristas do Hamas, como uma possível indicação de fraqueza do Hezbollah e dos rumos do confronto na região. O jornal israelense Haaretz anunciou que “Nasrallah não sacrificará o Líbano por Gaza e que deixará o Hamas se defender sozinho”.
A mensagem de Nasrallah, segundo o jornal, é de que sua organização não pode embarcar numa campanha tão ampla, uma vez que não foi um parceiro pleno na decisão, com todas as suas ramificações. “Ele transmitiu uma mensagem ao Hamas e aos palestinos, indicando que o Hezbollah não pode arcar com os resultados sozinho, sendo este o papel dos Estados árabes e islâmicos”.
Em seu discurso, Nasrallah disse que os países e as grandes organizações do mundo árabe e muçulmano deveriam fornecer ajuda imediata a Gaza, através da passagem da fronteira de Rafah (com o Egito). Também instou as nações árabes que têm laços diretos ou indiretos com Israel a romperem essas conexões, inclusive, negando a venda de petróleo para o país.
Ainda que tenha dito em tom alto e ameaçador que todas as opções seguem sobre a mesa e que dependem do que ocorrerá na Faixa de Gaza e das agressões de Israel ao Líbano, sua fala apontou para a possibilidade de que as ações do Hezbollah seguirão no mesmo passo que têm tido desde o início da guerra.