O líder do grupo libanês Hezbollah, cujos patrocinadores Síria e Irã estão no centro da tensão regional, fez uma rara aparição pública nesta terça-feira, marcando o festival muçulmano xiita da Ashura, e disse que sua organização está construindo um arsenal.
Cercado de guarda-costas armados, Sayyed Hassan Nasrallah andou em meio a uma multidão de xiitas nos subúrbios ao sul de Beirute, o bastião do Hezbollah, e cumprimentou dezenas de milhares de simpatizantes, antes de desaparecer por alguns minutos para discursar por uma tela gigante.
O Hezbollah, que lutou uma guerra inconclusiva de 34 dias com Israel em 2006, vê problemas graves tanto para a Síria, onde uma repressão a manifestações contra o governo provocaram o aumento da violência, quanto para o Irã, cujo programa nuclear provocou sanções ocidentais e um isolamento crescente.
Nasrallah, que está escondido por medo de assassinato desde 2006, adotou um tom desafiador em seu discurso, não dando sinais de que os problemas de seus aliados estão afetando o Hezbollah, que tem uma facção armada e um movimento político.
"A cada dia que passa crescemos em número, nosso treinamento está melhorando, nos tornamos mais confiantes e nossas armas estão aumentando", disse. "Se alguém está apostando que nossas armas estão enferrujando, nós (dizemos que) não, nós substituímos nossas armas enferrujadas."
Nasrallah disse à multidão que sua aparição pública era uma mensagem aos que "acreditam que podem nos ameaçar".
Ele reiterou o apoio para o aliado sírio, o presidente Bashar al-Assad, e descreveu o seu governo como um "regime de resistência". Os oito meses de revolta contra o governo de Assad resultaram em cerca de 3.500 mortes, segundo estimativas da ONU.
O Hezbollah foi formado quase 30 anos atrás para confrontar a ocupação de Israel do sul do Líbano. A área de fronteira, inativa por mais de dois anos, foi sacudida na terça-feira passada quando um foguete foi disparado do sul do Líbano, danificando dois prédios no norte de Israel, mas ninguém assumiu a responsabilidade.
O Hezbollah acredita que o Ocidente está trabalhando para remodelar o Oriente Médio, substituindo Assad por um governante amigo de Israel e hostil ao grupo.
Já o Irã, outro patrocinador do Hezbollah, está sendo pressionado pelas sanções ocidentais por suspeitas de que seu programa nuclear tem por objetivo produzir armas atômicas, o que Teerã nega.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa