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Ahmed al-Charaa, líder da coalizão insurgente que derrubou o regime do ditador sírio Bashar al-Assad na semana passada e conhecido pelo pseudônimo Abu Mohamed al-Jolani, prometeu aos curdos neste domingo que viverão juntos e tentarão fazer com que eles retornem às áreas até agora dominadas pela Turquia e pelos rebeldes sírios pró-turcos.
"Os curdos fazem parte da pátria. Eles foram submetidos a uma grande injustiça, como nós, e se Deus quiser a injustiça será eliminada. Se Deus quiser, na Síria que está por vir, os curdos serão fundamentais. Viveremos juntos, se Deus quiser, e todos receberão seus direitos por lei. A partir de hoje, não haverá mais injustiça contra nosso povo curdo", disse ele em um vídeo postado na conta oficial do Comando de Operações Militares, que é dirigido por Charaa.
No final do breve clipe, ele é questionado: "E quanto ao nosso povo em Afrin?", ao que Charaa responde: "Se Deus quiser, o mesmo, tentaremos devolvê-los às suas áreas e aldeias".
Com Afrin, ele se refere à cidade no norte da Síria que, em 2018, as tropas turcas, juntamente com os rebeldes sírios do Exército Nacional Sírio (SNA) apoiados por Ancara, ocuparam em sua ofensiva contra os curdos, que administram o norte e o nordeste da Síria.
A liderança política da autoproclamada Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria reiterou no sábado seu apelo por um cessar-fogo abrangente com os insurgentes que derrubaram o regime de Assad e pediu que se trabalhe por um futuro "democrático unificado" para o país.
A entidade, inimiga de Ancara, controla grande parte do nordeste do país árabe e vem enfrentando grupos pró-turcos que atacaram seus territórios paralelamente à ofensiva dos insurgentes para derrubar Assad, a quem também se opõem apesar de terem colaborado com ele em situações de emergência.
Os curdos buscam que sua administração autônoma coexista com o novo governo interino formado pelos insurgentes após a queda do antigo regime, que estava no poder há cerca de meio século e foi derrubado no último domingo após uma rápida ofensiva de grupos islâmicos e pró-turcos.
Espera-se que o governo interino assuma o comando da Síria em caráter temporário até que uma solução governamental final para a nova era seja estabelecida.