O líder interino de Honduras, Roberto Micheletti, deixou a Costa Rica neta quinta-feira após reunir-se com o mediador costarriquenho Oscar Arias, mas não se encontrou com o presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, para discutir a crise causada pelo golpe de Estado do mês passado.

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"Não houve nenhuma reunião frente a frente", disse o porta-voz da Presidência da Costa Rica, Pablo Gueren. Segundo ele, no entanto, representantes das duas partes se encontraram diante da mediação do presidente costarriquenho Arias.

Arias também teve reuniões separadas com os rivais pelo poder político em Honduras, no momento em que cresce a pressão internacional para que Zelaya retorne ao cargo, após o golpe que gerou tensão política na América Central e se tornou um desafio diplomático para o governo do presidente norte-americano, Barack Obama.

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O presidente costarriquenho primeiro recebeu Zelaya em sua casa em San José, e depois esteve com Micheletti, presidente interino indicado pelo Congresso para assumir o poder depois do golpe de 28 de junho.

Arias ganhou o Nobel da Paz em 1987 por ter mediado e ajudado a resolver os conflitos na América Central durante a Guerra Fria.

Os Estados Unidos e a Organização dos Estados Americanos (OEA) pressionam por um retorno pacífico de Zelaya à Presidência hondurenha, que, segundo o líder da OEA, José Miguel Insulza, é a chave para o êxito das negociações mediadas pela Costa Rica.

"A grande questão é que o governo de fato aceite o retorno do governo constitucional", disse Insulza à imprensa em Washington. "Todo o resto é negociável."

Porém, nos preparativos para as conversas com Arias, Micheletti insistiu que a retirada de Zelaya foi legal, pois o presidente deposto havia violado a Constituição ao tentar alterar os prazos dos mandatos presidenciais.

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Nesta quinta-feira, Micheletti se disse pronto para trabalhar por uma solução "dentro dos parâmetros da Constituição."

"Criminoso"

Após se encontrar separadamente com Arias, Zelaya enfatizou que tanto a OEA quanto a Assembléia-Geral das Nações Unidas pediram a sua volta ao poder. Na quarta-feira, Zelaya chamou Micheletti de "criminoso" e culpado por traição.

Insulza declarou que, aceito o retorno de Zelaya à Presidência, ficarão abertas negociações para, por exemplo, a antecipação das eleições, a formação de um governo de união nacional ou um acordo para uma anistia.

Segundo ele, para a OEA, que suspendeu Honduras no sábado, a antecipação das eleições só seria aceitável sob a Presidência de Zelaya.

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O presidente deposto, que foi eleito em 2005 e ficaria no cargo até 2010, defende que os que o derrubaram deixem o poder em 24 horas.

Os meios de comunicação hondurenhos publicaram uma pesquisa nesta quinta-feira em que 41 por cento dos entrevistados opinaram que a derrubada de Zelaya foi justificada. Os contrários ao golpe somaram 28 por cento.

O presidente do Estados Unidos, Barack Obama, condenou o golpe em Honduras.

Pouco antes das discussões desta quinta na Costa Rica, os Estados Unidos suspenderam uma ajuda militar de 16,5 milhões de dólares para Honduras.

Segundo a embaixada norte-americana em Tegucigalpa, mais 180 milhões de dólares em assistência dos Estados Unidos para Honduras podem também estar sob risco, mas a ajuda humanitária ao país não vai parar.

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