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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, fala com correspondentes internacionais por videoconferência no palácio presidencial em Caracas, 6 de maio de 2020
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, fala sobre a Operação Gedeón com correspondentes internacionais por videoconferência no palácio presidencial em Caracas, 6 de maio de 2020| Foto: Marcelo Garcia / Palácio de Miraflores / AFP

A operação fracassada para tentar capturar o ditador venezuelano Nicolás Maduro ganhou um novo capítulo. O ex-boina verde americano Jordan Goudreau, que assumiu a autoria do ataque em um vídeo publicado no dia da ação, voou de Miami para a cidade colombiana de Barranquilla em janeiro com outros dois ex-militares americanos em um avião de propriedade de um empresário venezuelano com próximas relações a Hugo Chávez - o falecido ex-presidente da Venezuela que pessoalmente apontou Maduro como seu sucessor.

A informação foi revelada nesta quinta-feira (28) pela agência de notícias Associated Press, que ouviu três pessoas com conhecimento das ações que falaram sob condição de anonimato.

O dono do avião Cessna Citation II, registrado na Venezuela, é Franklin Durán, que teve várias relações de negócios com o chavismo durante duas décadas, e passou mais de três anos em uma prisão nos Estados Unidos por envolvimento em um caso de entrega clandestina de dinheiro venezuelano para a Argentina em 2007.

Segundo a AP, Durán está no centro das investigações na Venezuela, nos Estados Unidos e na Colômbia que pretendem esclarecer a "Operação Gedeón". O regime de Nicolás Maduro mandou prender o empresário no começo da semana, sob a acusação de financiar a operação. Segundo noticiou Infobae, Durán está detido desde a segunda-feira (25) no Helicoide, a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional em Caracas.

A Suprema Corte do país afirmou que Durán é suspeito de traição, rebelião, conspiração com governo estrangeiro, tráfico de armas e terrorismo.

O envolvimento de Durán na operação deu fôlego a alegações do opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por dezenas de países. Guaidó afirmou em uma entrevista de 11 de maio que havia infiltração e financiamento do regime chavista na Operação Gedeón.

"Aqui existe financiamento da ditadura. Um empresário testa-de-ferro muito vinculado ao apresentador do programa de fofoca [Diosdado Cabello]. Isso é parte dos elementos da investigação que estamos adiantando", disse Guaidó naquela data, referindo-se a Diosdado Cabello, número dois do chavismo e presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que tem um programa na televisão estatal venezuelana.

A suposta tentativa de invasão na Venezuela aconteceu no dia 3 de maio, quando um lancha chegou durante a madrugada na cidade de Macuto, no litoral venezuelano próximo a Caracas. A embarcação foi interceptada por forças de segurança e oito pessoas morreram durante a ação policial. Os nomes dos mortos não são conhecidos publicamente até hoje, denuncia a imprensa local.

Pelos menos 31 envolvidos na tentativa de invasão foram presos, segundo autoridades chavistas, incluindo dois americanos veteranos do Exército. Um dos americanos, Luke Denman, apareceu em um vídeo transmitido pela televisão estatal venezuelana admitindo sua participação na operação. Ele contou que foi contratado para treinar militares venezuelanos na Colômbia e para invadir a Venezuela, na tentativa de tomar um aeroporto e sequestrar Nicolás Maduro para levá-lo aos EUA, onde o ditador é procurado por narcoterrorismo.

Um contrato com a assinatura de Guaidó e de um de seus assessores nos EUA, Juan José Rendón, foi encontrado com os acusados. Rendón admitiu ter contratado os serviços de Goudreau, mas disse que depois desistiu. Guaidó nega que tenha assinado o documento, que delineia o plano para tomada do controle da Venezuela.

Maduro acusa a oposição e os governos dos Estados Unidos e Colômbia de orquestrarem a incursão para derrubá-lo do poder.

Caso da mala

O empresário Franklin Durán foi preso nos Estados Unidos por ter atuado como um agente não registrado do governo de Hugo Chávez no escândalo que ficou conhecido como "caso da mala".

Em 2007, Alejandro Antonini Wilson tentou entrar em Buenos Aires com uma mala contendo quase US$ 800 mil. Antonini disse à justiça dos EUA que o dinheiro foi enviado pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez para financiar a campanha da então candidata a presidente Cristina Kirchner, atual vice-presidente da Argentina.

Chávez teria enviado Durán para pressionar Antonini para que ficasse quieto durante as investigações, mas o FBI, a polícia federal americana, gravou as conversas entre os dois.

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