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Planos de um líder xiita exilado de retornar a seu país elevaram as tensões na luta pelo poder que ocorre no Bahrein, de governo sunita, enquanto manifestantes, em sua maioria xiitas, reunidos na praça da Pérola, em Manama, reiteravam a reivindicação de um novo governo.

O líder do movimento Haq, Hassan Mushaimaa, que foi julgado à revelia no Barein por tentativa de derrubar o governo, anunciou que vai voltar de Londres ao Barein na terça-feira, criando um novo desafio à família reinante al-Khalifa, cuja legitimidade ele contesta.

A página de Mushaimaa no Facebook disse que ele quer "ver se esta liderança está falando a sério sobre diálogo e se vai prender Mushaimaa ou não". Existe um mandado de prisão contra ele.

O rei Hamad bin Isa al-Khalifa pediu a seu filho, o príncipe herdeiro, que conduza um diálogo com todos os partidos, mas, depois da violência nas ruas na qual sete pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas, os partidos oposicionistas estão hesitantes.

O Haq é mais radical que o partido xiita Wefaq, do qual se separou em 2006 quando o Wefaq disputou uma eleição parlamentar. Os 17 parlamentares do Wefaq renunciaram a seus cargos na semana passada, em protesto contra a violência.

"É menos provável que eles (o Haq) adotem posição conciliatória em relação ao regime", opinou Shadi Hamid, do Centro Brookings Doha. "Eles ainda não estão pedindo explicitamente a derrubada do regime, mas não se interessam em fazer parte do sistema."

Vários líderes do Haq foram presos nos últimos anos e, depois, perdoados pelo rei. Alguns foram detidos novamente em uma ação repressiva em agosto passado, quando 25 ativistas xiitas, incluindo 23 que estão sendo julgados agora, foram acusados de tentativa de derrubada violenta do governo.

Até 10 mil pessoas voltaram a lotar a praça Pérola, no coração dos protestos que já duram uma semana e são liderados por xiitas, que são maioria no país e reivindicam uma participação maior no país do Golfo Árabe, que é aliado estreito dos EUA e da Arábia Saudita.

Mais de 1.500 professores em greve se juntaram aos manifestantes.

A oposição exige uma monarquia constitucional verdadeira, que dê aos cidadãos um papel maior em um governo eleito diretamente. Ela também pede a libertação dos presos políticos.

"Aos olhos da população, o governo já caiu", disse Amir Ahmed, 38, funcionário público do setor petrolífero.

Os manifestantes na Praça Pérola estão impacientes para ver mudanças, depois de assistir à queda de governantes entrincheirados no Egito e na Tunísia.

A professora primária Lamia, de 26 anos, disse que também o Barein vai derrubar seus líderes. "Somos muito mais fortes que eles. Esperamos que aconteça o quanto antes", disse ela.

Embora os muçulmanos xiitas respondam por cerca de 70 por cento da população, eles são minoria no Parlamento barenita de 40 cadeiras, por causa de um processo eleitoral que eles afirmam que os exclui.

Esse fato, somado à discriminação sistemática, os exclui do processo decisório e de acesso a empregos públicos e moradia, dizem eles. O governo nega que haja discriminação contra os xiitas.

A família al-Khalifa, que governa o Barein há 200 anos, domina um gabinete liderado pelo tio do rei, que é primeiro-ministro há 40 anos, desde a independência, em 1971.

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