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O Supremo Tribunal de Belarus condenou nesta terça-feira (6) o empresário Viktor Babariko, ex-candidato à presidência do país no ano passado e um dos principais líderes da oposição ao ditador Aleksander Lukashenko, a 14 anos de prisão.
Os juízes consideraram Babariko, que está em prisão preventiva desde 18 de junho de 2020, culpado de receber subornos e também de lavagem de dinheiro, durante um julgamento realizado a portas fechadas.
Barbariko também foi condenado a pagar uma multa de 145 mil rublos, o equivalente a cerca de R$ 290.000.
O opositor de 57 anos, considerado um prisioneiro político por organizações de direitos humanos, foi preso enquanto coletava assinaturas para apresentar sua candidatura às eleições presidenciais de agosto de 2020.
Cerca de cem pessoas estiveram em frente à sede da Suprema Corte hoje para expressar seu apoio a Babariko, e apenas uma pequena parte delas teve permissão para entrar na sala onde a sentença foi proferida.
"Não posso me declarar culpado de crimes que não cometi. Não me sinto envergonhado diante de minha família porque não cometi nenhuma ilegalidade", disse Babariko na semana passada na audiência em que foi condenado.
Na ocasião, o gabinete do procurador-geral de Belarus solicitou uma sentença de 15 anos para o opositor.
"A cruel farsa do sistema judicial bielorrusso ficou em evidência com a condenação, o que mostra que o regime de Lukashenko não se detém diante de nada para preservar o poder", comentou a embaixada dos Estados Unidos em Minsk no Twitter.
Por sua vez, a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tsikhanouskaia, usou o Telegram para descrever como "demente" a condenação de Babariko, uma "pessoa que decidiu se dedicar à política e se tornou um dos líderes que acordaram o país de uma letargia prolongada".
A defesa do opositor assegurou que a condenação se baseia em "acusações fora da lei" e que lutará com todos os meios ao seu dispor para revogá-la.
"Pelo fato de a sentença ser definitiva, vamos apresentar um recurso de supervisão processual", explicou o advogado Dmitri Laevski ao deixar o tribunal. Além disso, os advogados de Barbariko planejam levar o assunto ao Comitê de Direitos Humanos da ONU.
Laevski disse ainda que seu cliente "encarou com calma" o veredito da Suprema Corte, porque "não é surpreendente" nas atuais circunstâncias. "Mas é uma decisão temporária", insistiu, em alusão à intenção da defesa de ainda obter a absolvição de Babariko.