O ex-campeão do mundo de xadrez e líder da oposição russa, Garry Kasparov, foi condenado neste sábado (24) a cinco dias de prisão por organizar um protesto não autorizado e se negar a obedecer às ordens da polícia.
As autoridades da capital russa tinham autorizado a manifestação, conhecida como "Marcha dos Dissidentes", mas haviam advertido que não tolerariam "provocações" por parte dos manifestantes, que neste sábado somavam três mil. Manifestantes que tentaram impedir a detenção de Kasparov levaram golpes de cassetetes de soldados.
Ex-campeão mundial de xadrez e recentemente escolhido candidato para as eleições presidenciais de março de 2008 pelo movimento opositor "Outra Rússia", Kasparov já havia sido detido em maio, em Samara, durante a cúpula Rússia-União Européia, o que provocou queixas por parte da chanceler alemã, Angela Merkel.
Outros detidos foram Ilya Yashin, líder juvenil do partido liberal Yabloko e Maria Gaidar, filha do ex-primeiro-ministro Yegor Gaidar. O ativista da organização "Pelos Direitos Humanos", Lev Ponomariov, também foi preso e agredido, conforme relatou por telefone celular à agência "Interfax".
O porta-voz adjunto da prefeitura de Moscou, Mikhail Solomontsev, acusou os participantes da manifestação de ignorar as advertências oficiais de que o protesto não poderia virar uma marcha pelas ruas da capital.
Ao término da manifestação, vários participantes encaminharam à Comissão Eleitoral Central (CEC) um ofício no qual afirmam que "não reconhecerão os resultados das eleições legislativas de 2 de dezembro" e não considerarão "legítima" a Duma.
Cidades russas como São Petersburgo, Samara e Yaroslav acolheram, com maior ou menor êxito, outras manifestações de protesto.
O movimento "Outra Rússia" acusa Putin de restringir a liberdade e o pluralismo, amordaçar os meios comunicação e introduzir uma legislação eleitoral que impossibilita o acesso da oposição ao Parlamento. Em outra ocasião, Kasparov comparou o presidente russo, Vladimir Putin, aos ditadores Francisco Franco e Augusto Pinochet.