ISLAMABAD - Intensificou-se na sexta-feira, no Paquistão e no resto do mundo, a indignação com a declaração dada pelo presidente paquistanês, Pervez Musharraf, segundo o qual as acusações de estupro eram uma forma fácil de ganhar dinheiro e se mudar para o Canadá.
O primeiro-ministro canadense, Paul Martin, já condenou as declarações dadas por Musharraf, que está nos EUA, onde discursou diante da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na quarta-feira.
O grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional disse que Musharraf deveria pedir desculpas, e jornais paquistaneses criticaram as declarações do presidente.
O líder do Paquistão dissera ao jornal "Washington Post", em entrevista publicada na última terça-feira, que seu país não deveria ser alvo de críticas devido aos casos de estupro ocorridos nele, já que o crime acontecia em outros lugares.
"O senhor precisa entender o ambiente no Paquistão. Isso se transformou em uma forma de ganhar dinheiro. Muitas pessoas dizem que, se você quiser ir para o exterior e conseguir um passaporte canadense ou ser milionária, então trate de ser estuprada", afirmara Musharraf, segundo o "Post".
O "Dawn", maior jornal do Paquistão publicado em inglês, atacou o presidente em um editorial intitulado "A coisa errada a ser dita".
"Se essa atitude, de atribuir a culpa pelo estupro ou por outros crimes contra as mulheres às próprias mulheres e de ridicularizar as organizações não-governamentais, começar a se espalhar a partir dos mulás ignorantes e dos chauvinistas para os escalões mais altos do governo, então, que Deus nos ajude", afirmou.
Musharraf disse na quinta-feira, em uma entrevista coletiva, que estava apenas expressando uma opinião disseminada e não uma opinião dele próprio.
Há muitos casos de estupro no Paquistão, em especial nas áreas rurais. Mas a maior parte dos crimes não chega a ser denunciada devido ao estigma associado à vítima.
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