Leopoldo López, líder preso dos protestos contra o governo da Venezuela, fez um chamado para que os manifestantes continuem lutando pelo fim do governo socialista, mesmo com a previsão de que ele comparecerá a um tribunal nesta quarta-feira (19) por causa da acusação de provocar distúrbios que já mataram quatro pessoas pelo menos.
López, economista de 42 anos formado em Harvard, se entregou às forças de segurança na terça-feira, depois de liderar três semanas de protestos na Venezuela, manifestações que se tornaram o maior desafio já enfrentado pelo presidente Nicolás Maduro.
Assista ao vídeo com a convocação de López, feito antes dele se entregar
"Hoje, mais do que nunca, a nossa causa tem de ser a saída desse governo", afirmou López, sentado ao lado da mulher, num vídeo feito para ser divulgado se ele fosse preso.
"A saída desse desastre, a saída desse grupo de pessoas que sequestraram o futuro dos venezuelanos está nas suas mãos. Vamos lutar", disse.
Quatro pessoas já morreram durante as manifestações. Três foram mortas a tiros, e a quarta pessoa foi atropelada durante um protesto. Houve vários presos e feridos.
Muitos moradores de Caracas fizeram barulho batendo em panelas durante a noite como forma de protesto.
Estudantes bloquearam uma via expressa de Caracas na manhã desta quarta, segundo testemunhas. Policiais e manifestantes entraram em confronto no oeste do país.
Os manifestantes pedem a renúncia de Maduro devido a problemas que vão de inflação à criminalidade, de corrupção à falta de produtos.
"Não aguentamos mais isso. A decisão de Leopoldo de se entregar está simplesmente mexendo com o país ainda mais", declarou a estudante Maria Gabriela Guerrero, de 24 anos, que junto com algumas dezenas de manifestantes permanecia do lado de fora do tribunal aonde López deveria ser levado.
O presidente Maduro, que venceu de forma apertada as eleições do ano passado para a escolha do sucessor de Hugo Chávez, morto por conta de um câncer, afirmou que López e outros alinhados com os Estados Unidos buscam um golpe contra ele.
Em 2002, protestos de ruas antecederam a queda e a saída por 36 horas de Chávez da Presidência, mas ele voltou ao poder apoiado por militares leais e pelos seus simpatizantes.
Apesar de dezenas de milhares terem apoiado López nas ruas quando ele se entregou na terça, os protestos até agora têm sido bem menores do que os da década passada.
Não há evidências de que os militares possam se voltar contra Maduro.
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