O líder separatista pró-russo Alexander Zakharchenko, eleito no domingo (2) presidente da República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, tomou posse nesta terça-feira (4).
"Juro servir ao povo da República Popular de Donetsk", declarou Zakharchenko, um ex-mecânico de 38 anos, durante cerimônia realizada no Teatro de Donetsk.
A República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, regiões separatistas, não são reconhecidas pelo governo central ucraniano.
Antes premiê de Donetsk, Zakhartchenko foi eleito com 81,37%, de acordo com pesquisa de boca de urna divulgada pela Comissão Eleitoral instalada para o pleito.
Filho de mineiro, o comandante de unidades rebeldes afirmou que seu desejo é "construir um novo Estado, que se tornará legítimo depois das eleições, e recuperar os territórios do leste atualmente sob controle ucraniano".
Para Kiev, a eleição viola o tratado de paz firmado entre os separatistas, a Ucrânia e a Rússia em setembro, em Minsk.
O presidente Petro Poroshenko disse que a Ucrânia irá rever seu compromisso com o plano de paz, que estabeleceu um cessar-fogo entre o Exército ucraniano e os rebeldes, além de ampliar a autonomia do leste.
"Essas pseudoeleições são uma violação grosseira do protocolo de Minsk", disse Poroshenko em um discurso à nação, prometendo "rever" o plano de ação de Kiev.
O Conselho de Segurança Nacional e de Defesa vai se reunir nesta terça para abordar, entre outras coisas, "a supressão da lei sobre o estatuto especial" dos redutos separatistas, adotada em setembro e que dá a essas regiões três anos de ampla autonomia, principalmente a possibilidade de criar "milícias populares", e garante a anistia para os combatentes que não tenham cometido crimes.
Reação
A Rússia, que apoia os separatistas e é acusada de lhes enviar armas e tropas, reconheceu a legitimidade das eleições no leste.
Já a União Europeia considerou que a eleição foi ilegal, não será reconhecida e representa um "novo obstáculo" para uma solução pacífica para o conflito.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta terça que o pleito foi "infeliz e contraproducente".
Ban, em discurso realizado na Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Viena, disse que a situação na Ucrânia permanece sendo motivo de profunda preocupação.
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