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Eleições

Líder supremo iraniano diz que regime não cederá à pressão

Caças iranianos fazem exercício de guerra nas proximidades de Chabahar, sul do país: demonstração de força em meio à crise política | Ebrahim Norouzi/AFP
Caças iranianos fazem exercício de guerra nas proximidades de Chabahar, sul do país: demonstração de força em meio à crise política (Foto: Ebrahim Norouzi/AFP)

Teerã - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, reiterou ontem a rejeição do governo iraniano a qualquer contestação da validade do pleito que reelegeu o presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.

A declaração, um dia após o Conselho dos Guardiães, máxima instância constitucional do país, atestar a lisura da eleição, sela de vez a possibilidade de rever o resultado. A oposição, liderada pelo candidato derrotado Mir Hossein Mousavi, alega fraude e quer novo pleito.

"Tenho insistido, e continuarei insistindo, na aplicação da lei. Não tomaremos um passo além da lei. Nem o regime nem a população cederão à pressão na base da força’’, disse o aiatolá Khamenei, máxima autoridade política e religiosa iraniana, em comunicado na tevê estatal.

Protestos diminuem

Desde a última segunda-feira não são registradas grandes manifestações oposicionistas pelo país. Protestos vinham sendo realizados quase que diariamente desde o dia 13, quando foi anunciada a vitória de Ahmadinejad, com 62,7% dos votos contra 33% de Mousavi.

Um princípio de manifestação de cerca de 200 pessoas ontem em uma praça próxima ao Parlamento iraniano foi rapidamente dispersado com tiros para o alto e bombas de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança e pelos milicianos basiji, de acordo com relatos.

O levante é considerado o maior no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979, que levou ao poder o atual regime teocrático. Segundo a imprensa oficial, 20 pessoas já morreram desde o início dos protestos.

Em outro indício do arrefecimento da tensão no país, o também derrotado candidato Mohsen Rezai, conservador, retirou suas contestações à lisura do pleito. Segundo ele, porque "a situação entrou numa fase sensível e determinante, mais importante do que as eleições’’.

Já a mulher de Mousavi, Zahra Rahnavard, de ativa participação na campanha, exortou os iranianos a manter as manifestações. Ela disse que o governo não pode lidar com a oposição "como se houvesse lei marcial’’.

As autoridades iranianas afirmaram ontem que os atiradores que mataram a iraniana Neda Agha-Soltan durante um protesto da oposição podem tê-la confundido com a irmã de um terrorista do país.

A morte de Neda com um tiro no peito foi filmada por um outro manifestante e divulgada ao mundo pela internet. As imagens são fortes e se transformaram em símbolo da opressão das forças de segurança aos protestos.

O Ministério do Interior disse ainda que analisa rebaixar as relações diplomáticas com o Reino Unido, a quem acusa de intromissão nos assuntos internos iranianos.

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