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Novo plano

Líderes chineses discutem os rumos da economia

Cerimônia de hasteamento da bandeira da China na Praça da Paz Celestial, em Pequim. País debate ajustes na economia e na política | Gil Cohen Magen/Reuters
Cerimônia de hasteamento da bandeira da China na Praça da Paz Celestial, em Pequim. País debate ajustes na economia e na política (Foto: Gil Cohen Magen/Reuters)

Pequim - O Comitê Central do Partido Co­­­munista da China se reúne a portas fechadas neste fim de semana para deliberar e tomar algumas decisões sobre os rumos econômicos e políticos do país. Nesse en­­contro anual devem ser feitos ajustes na política econômica chinesa e também pode haver uma sinalização mais forte sobre quem deve liderar o próximo governo a partir de 2013.

O professor de Relações Inter­­nacionais Henrique Al­­te­­mani ex­­plica que a reunião anual do Co­­mitê Central, formado por 300 líderes, é muito mais deliberativa do que decisória. "As grandes decisões ficam para depois", diz Altemani, referindo-se, por exemplo, à reunião política mais relevante do país, o Congresso do Par­­tido Comunista, que acontece a cada cinco anos e cuja realização é esperada para 2012.

Um dos temas que devem en­­cabeçar as discussões é a realização de ajustes na economia. "A li­­derança concorda que a China pre­­cisa ajustar sua economia, de uma tão dependente dos mercados de exportação para outra, mais ajustada ao mercado interno de consumo", diz, em entrevista por e-mail à Agência Estado, o professor William A. Joseph, da Uni­­versidade Wellesley, nos EUA.

Novo plano

A partir de 2011, a China passará a ser regida por um novo Plano Quinquenal. As linhas gerais desse plano serão apresentadas no encontro, a partir das propostas de vários ministérios e líderes pro­­vinciais delineadas durante vá­­rios dos últimos meses.

"Eu espero que o novo plano quinquenal seja mais um ajuste na atual estratégia que uma grande reformulação", prevê o cientista político dos EUA. A versão final do plano será oficialmente adotada pelo Congresso Nacional do Povo, o Parlamente chinês, em março de 2011.

Autor do livro Politics in China ("Política na China", Oxford Uni­­versity Press), o cientista político acredita que a valorização do yuan também pode ser um tema do encontro. "Mas questões políticas como essa são no final decididas pelos cerca de 25 principais líderes [o Politburo], e não por todo o Comitê Central."

Joseph acredita que o encontro dos próximos dias pode enviar sinais sobre os prováveis futuros líderes do país. O norte-americano acredita que o vice-presidente Xi Jinping já foi escolhido para ser "eleito" à presidência da China, que será oficializada no encontro do Parlamento em março de 2013. Agora, todos observam para saber se Xi será apontado, durante o encontro do Comitê Central, para um posto importante na Co­­mis­­são Militar Central, o que seria in­­terpretado como um sinal de as­­censão nos quadros do regime.

O cientista político explica que há diferentes facções dentro da liderança. A do atual presidente, Hu Jintao, defende maior atenção a problemas como a desigualdade social, falhas no sistema de saúde e a poluição, enquanto a do vice Xi, favorece uma abordagem mais "tecnocrática", com a meta de ga­­rantir que a China continue crescendo em ritmo forte. Mas apesar das diferenças, Joseph não aposta na possibilidade de uma disputa de poder. "Uma coisa com que os líderes chineses concordam é em manter a estabilidade política, econômica e social."

Diversos analistas ouvidos pe­­lo site de notícias financeiras Mar­­ketWatch acreditam que o próximo Plano Quinquenal (2011-2015) chinês representará o fim de uma era em que o país cresceu de modo explosivo, muitas vezes a taxas superiores a 10% ao ano. O foco agora deve ser a qualidade do crescimento, e não apenas a manutenção de um ritmo forte, apostam esses analistas.

O vice chairman da South Chi­­na Brokerages, Howard Gorges, disse em entrevista ao Mar­­ket­­Watch que a China percebeu que um crescimento a taxas de 10% ao ano pode em alguns momentos gerar superaquecimento da economia e, consequentemente, desperdícios. Gorges afirma que é mais interessante agora para a China crescer na casa dos 8%. "A base [de comparação] está se tornando mais alta, então também ficará mais difícil crescer a 10%", observa.

Nobel

Sobre o recente Nobel da Paz con­­­­cedido ao dissidente encarcerado Liu Xiaobo, Joseph acredita que o tema pode ser discutido, mas não abertamente para consumo público local ou internacional. Segundo ele, Pequim não quer, na verdade, chamar muito mais a atenção para essa questão.

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