Líderes da região Ásia-Pacífico prometeram fazer progresso na negociação sobre comércio global durante uma cúpula em Hanói, que em anos anteriores foi dominada por manobras diplomáticas sobre a Coréia do Norte.
A "Declaração de Hanói", do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), pediu neste domingo medidas que liberalizem o comércio em uma região que responde por quase metade do comércio global.
Os países prometeram também "combater o terrorismo em todas as suas formas e manifestações" e ressaltaram medidas a serem tomadas, incluindo mais segurança aérea e de fronteiras, e proteção de alimentos de contaminação deliberada.
O líder da Apec, o presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, leu também um comunicado depois do encontro condenando os lançamentos de mísseis pela Coréia do Norte e seu teste nuclear em 9 de outubro, que chamou de ameaça à paz e à segurança.
As ações da Coréia do Norte representam "uma clara ameaça ao nosso interesse comum de paz e segurança e ao nosso objetivo comum de chegarmos a uma Península Coreana livre de armas nucleares".
Os Estados Unidos e o Japão queriam que o comunicado sobre a Coréia do Norte contivesse a mensagem mais forte possível a Pyongyang.
Questionado se o conteúdo mais leve da mensagem foi um retrocesso, David McCormick, autoridade do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, insistiu que o comunicado foi "muito firme".
"O importante é que membros da Apec uniram-se em um comunicado conjunto (sobre a Coréia do Norte)."
LIVRE COMÉRCIO
Alguns membros reclamaram que a APEC, que foi formada para tratar de temas de comércio e economia, direcionou-se muito para problemas de segurança, como a Coréia do Norte.
Os líderes fizeram o encontro em um novo centro de convenções nos arredores da capital vietnamita e usaram tradicionais túnicas de seda, chamadas ao dai, para a foto anual.
No sábado, primeiro dia do encontro, eles prometeram fazer acordos sobre subsídios agrícolas e taxas industriais, em um "esforço de emergência" em relação à Rodada de Doha.
"Cada um de nós está comprometido em ir além das nossas atuais posições", disseram em comunicado.
A Apec vai estudar a formação de uma Área de Livre Comércio na Ásia-Pacífico como objetivo de longo prazo e recomendou modelos de acordos entre membros. Mas nenhum dos acordos da declaração é obrigatório em um grupo que se orgulha de funcionar sob consensos.
A reunião de uma semana atraiu 10 mil autoridades, empresários e jornalistas a Vietnã e foi apelidada de festa dos emergentes do Sudeste Asiático.
Mas, a exemplo de outros encontros, a Coréia do Norte dominou as manchetes.
Todos os países envolvidos nas negociações de seis nações para acabar com os programas nucleares da Coréia do Norte estão em Hanói, a não ser a própria Coréia. Pyongyang concordou em voltar às negociações, depois de um ano de hiato, mas nenhuma data foi estabelecida.
O presidente dos EUA, George W. Bush, que está no encontro, encontrou-se com os colegas da China, Hu Jintao, e da Rússia, Vladimir Putin.
"Reconhecemos que trabalhando juntos podemos conseguir muito pela segurança do mundo e pela prosperidade do nosso povo", disse Bush a Hu.
O secretário-assistente de Estado Christopher Hill deverá visitar Pequim nesta semana para consultas sobre as negociações entre seis países, disseram autoridades norte-americanas.
Elas disseram que China e EUA estão se aproximando cada vez suas posições sobre o assunto.