Os líderes das principais potências europeias aguardam nesta terça-feira (8) a decisão de Donald Trump se manterá ou abandonará o acordo nuclear com o Irã.
O presidente americano deve anunciar sua escolha às 14h locais (às 15h em Brasília). No ínterim, governos europeus se mobilizam para encontrar maneiras de manter o trato -mesmo na ausência dos EUA.
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O acordo em questão foi estabelecido em 2015 por Barack Obama, antecessor de Trump, com o objetivo de frear o programa nuclear iraniano. Como contrapartida, as sanções econômicas impostas ao regime de Hassan Rouhani deveriam ser canceladas. A avaliação feita pelas principais potências europeias, como a França e o Reino Unido, é de que o texto teve até agora sucesso em interromper a ambição nuclear iraniana.
Desde sua eleição em 2016, Trump ameaça romper com o tratado, que ele chegou a descrever como "o pior acordo já negociado". Ele afirma, por exemplo, que o texto não abrange o programa de mísseis balísticos iranianos nem lida com o papel de Terrã nas guerras de seus vizinhos Síria e Iêmen.
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Por isso, europeus têm tentado convencer os EUA que, caso mantenham o acordo, podrão rever as suas cláusulas e, assim, incluir as exigências americanas no texto. O problema dessa solução é que o Irã dificilmente aceitará a revisão do pacto sem exigir a inclusão de novas condições dentro dele.
Apelo
O ministro de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, reuniu-se na segunda-feira (7) em Washington com líderes americanos, incluindo o vice-presidente Mike Pence. Ali, pediu publicamente que Trump não abandone o pacto.
De todas as opções disponíveis para impedir o Irã de ter armamentos nucleares, o acordo atual é o que oferece "menos desvantagens", segundo Johnson. Em artigo ao jornal New York Times o britânico escreveu que "agora que essas algemas foram colocadas, não enxergo nenhuma vantagem possível em retirá-las".
Nesta terça-feira, à espera da decisão americana, a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, fez sua própria ofensiva. À rádio RTL ela afirmou que o acordo -apesar de imperfeito- teve sucesso em impedir o Irã de ter armas nucleares. "Esse pacto é um fator de paz e de estabilidade em uma região bastante volátil", disse Parly.
Outra estratégia europeia pode ser a de manter a sua parte no acordo iraniano, a despeito da retirada americana. Essa opção dependerá de se, quando e como Trump reintroduzir sanções econômicas ao Irã. Se as empresas europeias puderem manter seus negócios em Teerã, por exemplo, será mais fácil que França, Reino Unido e Alemanha -os três países mais influentes da União Europeia- encontrem uma maneira de salvar o pacto de 2015.
No ano passado, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o país pode manter sua parte no acordo desde que a Europa cumpra com a sua. "A resistência europeia contra o EUA nos mostrará se o tratado nuclear pode ser levado adiante ou não", disse.
A Europa terá também de recrutar Rússia e China a se manter dentro do pacto, enquanto convence o governo e o público do Irã das vantagens de não retomar seu programa nuclear, mesmo com a possível saída americana. Outros países impactados por esse cenário, como o Japão e a Índia, podem ser fundamentais no processo -progressivamente isolando Trump, caso ele de fato abandone trato.
Rússia
O governo da Rússia advertiu que uma "situação muito séria" pode surgir, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anuncie mais tarde que retirará seu país do acordo. Porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov fez as declarações mais cedo, antes do anúncio planejado por Trump na Casa Branca.
Peskov afirmou que "nem é preciso dizer que surgirá uma situação muito séria", caso os EUA se retirem do acordo nuclear de 2015 entre o governo de Teerã e as potências globais. A Rússia foi uma das potências envolvidas no acordo, segundo o qual o Irã limitou seu programa nuclear em troca da retirada de sanções econômicas.
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