Milhares de islamitas protestaram ontem no Cairo, contrários ao gabinete temporário formado no Egito após o golpe militar que depôs o presidente Mohamed Mursi em 3 de junho.
Simpatizantes da Irmandade Muçulmana, à qual Mursi está ligado, reuniam-se nos arredores da mesquita Rabia al-Adawiya -tornado o principal ponto de concentração de islamitas, nas últimas semanas, ao lado da Universidade do Cairo.
A liderança da organização insiste em que não reconhecerá o novo governo egípcio. Hoje, dois membros de alto escalão da irmandade reuniram-se com Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, durante a visita dela ao país.
A informação foi divulgada pelo porta-voz Gehad el-Haddad em sua conta na rede de microblogs Twitter.
"Estou indo ao Egito para reforçar a mensagem de que deve haver um processo político totalmente inclusivo", afirmou Ashton em comunicado, pedindo que o Egito volte "o mais rápido possível à sua transição democrática".
Durante a visita, Ashton encontrou-se com o presidente interino Adly Mansur e seu vice, o prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
Golpe
O golpe militar do início deste mês depôs, sob apoio popular, o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, lançando o país em um periodo incerto de violência e divisão social.
O país é presidido temporariamente por Mansur, então presidente da Suprema Corte Constitucional. Ontem, o gabinete interino foi nomeado, incluindo a entrega da posição de vice-premiê para o general Abdel Fatah al-Sisi, chefe do Exército.
As duas principais forças islamitas no país, a Irmandade Muçulmana e o partido salafista Al-Nur, não receberam cargos no gabinete.
Enquanto isso, o governo interino e as Forças Armadas parecem perseguir membros da Irmandade Muçulmana, com a detenção de centenas, incluindo sua alta cúpula, sob a acusação de incitar violência contra manifestantes. Hoje, três deles foram soltos.