Líderes islâmicos da Grã-Bretanha decretaram a fatwa como resposta aos ataques na capital da Grã-Bretanha nesta terça-feira. O ato ocorreu no mesmo dia em que os líderes se reuniram com o primeiro-ministro Tony Blair para discutir formas de conter o radicalismo entre os desiludidos jovens muçulmanos, após os atentados deste mês em Londres.
De acordo com a BBC News, o decreto religioso foi lançado pelo Fórum Britânico Muçulmano fora do Parlamento e exprime condolências às famílias das vítimas da atrocidade e deseja que os feridos se recuperem rapidamente.
O documento diz ainda que o Islã condena o uso de violência e destruição de vidas inocentes e afirma que os ataques-suicidas são 'veementemente proibidos'
Também nesta terça-feira, imãs, políticos muçulmanos e representantes do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha passaram cerca de uma hora conversando com Blair na residência oficial de Downing Street, número 10.
- Todos manifestaram um forte desejo de que estabeleçamos os mecanismos corretos para que as pessoas possam ir às comunidades e enfrentar essa ideologia do mal, pegá-la e derrotá-la - disse Blair na entrevista coletiva posterior.
O deputado muçulmano Shahid Malik apontou um "enorme apetite" do 1,6 milhão de muçulmanos do país para controlar os radicais.
- Reconhecemos que temos de trabalhar melhor para enfrentar todos esses males - por mais ínfimos que sejam - dentro das nossas comunidades - afirmou.
Mas radicais islâmicos qualificaram a reunião de mera propaganda, e até alguns moderados se disseram desconfiados da agenda de Blair.
- Todo o foco foi em tentar colocar a culpa no Islã e na liderança muçulmana - disse Ahmed Versi, editor do "Muslim News", jornal islâmico mais vendido do país.
PreocupaçãoEle disse que há profunda preocupação "na comunidade" sobre até que ponto Blair pode tentar imporá algum tipo de interpretação secular do Islã no seu objetivo declarado de ajudar os muçulmanos a encontrar uma "voz moderada e verdadeira".
O ataque de 7 de julho e a revelação de que seus autores eram muçulmanos britânicos, não estrangeiros, repercutiu em toda a comunidade islâmica da Grã-Bretanha. Embora tenham condenado os atentados, os líderes muçulmanos tiveram de admitir a existência de radicais que pregam a viol ência e o ódio ao Ocidente.
Alguns muçulmanos pediram mudanças nas mesquitas do país, que estariam distantes dos jovens. Outros sugeriram que a polícia reprima grupos radicais que frequentemente arregimentam seguidores em frente a mesquitas e dentro das universidades.
Um desses grupos, o Al Muhajiroun, se dissolveu em 2004, mas seus antigos membros ainda estão ativos. Seu ex-líder na Grã-Bretanha, Anjam Choudary, disse que a reunião foi irrelevante.
- Os assim chamados muçulmanos nesta reunião são os que seguem a linha do governo - disse ele. - São os lacaios do governo britânico. São os que foram apontados por Tony Blair para ser a voz oficial dos muçulmanos.
Ele afirmou que inevitavelmente a Grã-Bretanha será novamente atacada, se não mudar sua política para o Iraque, o Oriente Médio e a Caxemira.
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