Líderes mundiais do passado e do presente reuniram-se na capital alemã nesta segunda-feira para comemorar o 20o aniversário da queda do Muro de Berlim, que levou à reunificação da Alemanha e acelerou o fim da União Soviética.
Imagens da noite histórica de 9 de novembro de 1989 - quando os berlinenses do Leste presos atrás da barreira de concreto de 3,6 metros de altura correram aos postos de fiscalização para forçar a abertura deles - dominaram a cobertura da TV e dos jornais alemães na última semana.
Como parte das comemorações de segunda-feira, mil peças gigantes de dominó foram colocadas ao longo do trecho de 1,5 quilômetro do caminho original do Muro, perto do Portão de Brandenburgo.
Elas serão derrubadas na noite desta segunda, na presença dos líderes atuais da Grã-Bretanha, da França e da Rússia, numa reencenação simbólica de um dia que agitou o mundo.
"A sua majestade consiste não na presença de uma estrutura, mas na ausência dela", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, em trechos já divulgados do discurso que pronunciaria na noite de segunda. "O muro se foi. Duas Berlim são uma. Duas Alemanhas são uma. Duas Europas são uma."
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, também está em Berlim e na segunda-feira vai se encontrar com a chanceler alemã, Angela Merkel, a primeira líder alemã a crescer atrás do Muro, na Alemanha do Leste, comunista.
Merkel, que trabalhava como pesquisadora na Berlim Oriental há 20 anos, chamou a queda do Muro de "o dia mais feliz na história recente da Alemanha".
Apoiada pela União Soviética, o governo da Alemanha Oriental começou a erguer sua "barreira de proteção antifascista" nas primeiras horas de 13 de agosto de 1961 para pôr fim a uma fuga em massa de seus cidadãos para Berlim Ocidental, capitalista.
Inicialmente uma cerca temporária de arame farpado, ela foi aos poucos se tornando uma barreira imponente que cercava os três setores ocidentais da cidade e era patrulhada por guardas de fronteira que tinham ordens de atirar em qualquer pessoa que tentasse fugir.
Ao menos 136 mortes
De acordo com um estudo publicado este ano, ao menos 136 pessoas morreram no Muro de Berlim entre 1961 e 1989 enquanto tentavam fugir.
Outras milhares de pessoas conseguiram escapar das minas, dos cães de guarda e das torres de vigilância, usando artifícios como túneis e compartimentos ocultos em carros para chegar ao Ocidente.
O Muro caiu depois que o membro do Politburo e porta-voz Guenter Schabowski disse numa entrevista coletiva que os cidadãos da Alemanha Oriental poderiam atravessar as fronteiras imediatamente.
Ele não sabia que a decisão não deveria ser anunciada antes das 4h da manhã seguinte. Visto por milhares de pessoas na televisão, ele provocou uma corrida à fronteira que, despreparados, os guardas orientais foram incapazes de conter.
Para algumas pessoas, a reunificação do país em 1990 permanece um ponto dolorido. Uma pesquisa com mais de mil alemães para o diário Leipziger Volkszeitung indicou que um em cada oito gostaria que o Muro fosse reerguido - os números são quase iguais no Leste e no Oeste.
Milhares de turistas viajaram a Berlim para participar do evento. Personalidades da época, como o líder da antiga união soviética, Mikhail Gorbachev, e o ex-líder sindicalista polonês Lech Walesa, também estão presentes.
Gorbachev, o ex-chanceler alemão Helmut Kohl e o ex-presidente norte-americano George Bush (pai), lideravam seus países em novembro de 1989, apareceram num anúncio de jornal de página dupla na Alemanha.
"Nenhum muro jamais é forte o suficiente para sufocar o espírito humano," disse Bush num comentário ao lado da foto dos três.
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