A Nigéria tem falta de líderes competentes para tratar de seus problemas de segurança, disse um ex-governante militar nesta segunda-feira (26), após os ataques a bomba no dia de Natal contra igrejas, lançados por militantes islâmicos, que deixaram mais de duas dezenas de mortos.
Muhammadu Buhari, um nortista que perdeu a última eleição presidencial, em abril, para o presidente Goodluck Jonathan, disse em um comunicado publicado em um jornal nigeriano que a resposta do governo às bombas foi lenta e indiferente.
A seita islâmica Boko Haram, que quer impor a sharia (lei islâmica) no país mais populoso da África, assumiu a responsabilidade pelos três ataques a bomba nas igrejas, o segundo Natal consecutivo que causa derramamento de sangue em templos cristãos.
As forças de segurança também culparam a seita por duas explosões no norte, e cresce o medo de que a Boko Haram esteja tentando iniciar uma guerra civil sectária em um país dividido entre cristãos e muçulmanos, que em sua maioria convivem em paz.
"Como é possível que o Vaticano e as autoridades britânicas tenham falado sobre os ataques dentro da Nigéria que provocaram as mortes de nossos cidadãos antes mesmo do governo nigeriano?", disse Buhari no comunicado.
"Essa é uma falha clara de liderança, em um momento em que o governo precisa dar ao povo prova de sua capacidade de garantir a segurança de vidas e propriedades", disse Buhari.
Ele disse que o governo precisava fazer mais do que gastar mais em segurança para lidar com o problema.
Jonathan, um cristão do sul que vem tentando conter a ameaça da militância islâmica, descreveu os ataques como "infelizes". mas disse que a Boko Haram não "estará aqui para sempre". "Vai acabar um dia", afirmou.
Nesta segunda-feira, Bento 16 condenou os ataques como um "gesto absurdo" e orou para que "as mãos dos violentos sejam paradas". O papa, falando de sua janela acima da Praça de São Pedro, em Roma, disse que tal violência trazia apenas dor, destruição e morte.
Ataques coordenados
Os ataques, que aconteceram alguns dias depois de confrontos entre as forças de segurança e a Boko Haram, que mataram pelo menos 68 pessoas, deram provas de uma coordenação crescente e de estratégia do grupo, o que pode fazer soar o alarme na Nigéria e nas capitais ocidentais.
A igreja católica Santa Teresa, em Madala, uma cidade-satélite a cerca de 40 km do centro da capital do país, Abuja, estava lotada quando a primeira bomba explodiu em frente do prédio, logo depois da missa de Natal.
Algumas horas depois, explosões foram registradas na igreja dos Milagres e na Montanha de Fogo, na cidade de Jos, no centro do país, e em uma igreja em Gadaka, no estado de Yobe, no norte. Os moradores disseram que havia muitos feridos em Gadaka.
Um homem-bomba matou quatro agentes do Serviço de Segurança do Estado em um dos outros ataques na cidade de Damaturu, no nordeste, disse a polícia. Os moradores escutaram duas grandes explosões e tiros na cidade.
A Boko Haram - que na língua Hausa falada no norte da Nigéria significa "educação ocidental é pecaminosa" - é baseada no movimento Taliban do Afeganistão. Sua insurgência costumava ficar confinada ao nordeste da Nigéria, mas atingiu várias partes do norte, centro e de Abuja este ano.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião