Os líderes protestantes e católicos da Irlanda do Norte, inimigos durante décadas, tomaram posse nesta terça-feira, num momento que representa uma nova era de autonomia de poder compartilhado para acabar com a violência.
O reverendo protestante Ian Paisley, de 81 anos, do Partido Democrático Unionista (DUP), assumiu o cargo de primeiro-ministro. Já o colega católico (ex-inimigo) Martin McGuinness, do Sinn Fein, foi empossado como vice-primeiro-ministro.
- É um dia especial porque estamos começando de novo e acredito que é o início de um caminho que vai nos levar de volta à paz e prosperidade - disse Paisley, em sua chegada ao Parlamento de Stormont em Belfast.
Os primeiros-ministros da Grã-Bretanha, Tony Blair, e da Irlanda, Bertie Ahern, compareceram à histórica cerimônia na Assembléia, que foi criada depois dos Acordos da Sexta-Feira Santa de 1998, que representaram o fim da violência que deixou 3.500 mortos na província entre 1969 e 1998.
Mas o Reino Unido suspendeu a assembléia em 2002, logo depois que os escritórios do Sinn Fein em Londres e Stormont foram assaltados pela polícia que investigava uma suposta espionagem do IRA.
Blair, que planeja deixar o cargo de primeiro-ministro nesta semana, vê o acordo de divisão de poder entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte como um dos principais méritos de seus dez anos à frente do governo britânico.
A VOLTA
A Grã-Bretanha e a República da Irlanda há anos pressionavam os partidos rivais da Irlanda do Norte a aceitarem uma coalizão, algo considerado essencial para consolidar a paz na província, assolada por décadas de violência entre católicos e protestantes.
O DUP defende a preservação do domínio britânico na província, enquanto o Sinn Fein tem como principal meta a incorporação da Irlanda do Norte à República da Irlanda.
O governo britânico havia dado a ambas as partes um prazo para que começassem a administrar conjuntamente a província, sob pena de a região permanecer indefinidamente sob o controle de Londres. O prazo, no entanto, foi adiado até hoje. A Grã-Bretanha sinalizou que aceitaria o novo prazo caso todos os partidos norte-irlandeses concordassem.
Paisley sempre se recusou a conversar com Adams por causa da aliança do Sinn Fein com a guerrilha IRA, responsável por milhares de homicídios ao longo de 30 anos de conflitos sectários na província.
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