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Dissidentes russos e líderes religiosos empenhados na conciliação entre cristãos e muçulmanos estão entre os favoritos a ganhar o Prêmio Nobel da Paz de 2012, que será anunciado na sexta-feira (12).

O ano que passou teve poucos fatos notáveis para a paz mundial, o que resulta em um número excepcionalmente grande de candidatos sendo citados, e eleva a possibilidade de uma surpresa.

"Tenho bastante certeza de que o comitê gostaria de honrar os monumentais eventos no Oriente Médio", disse Jan Egeland, diretor da entidade de direitos humanos Human Rights Watch na Europa.

"Mas, conforme a Primavera Árabe se transforma em ‘outono', isso está se tornando muito difícil, então a abordagem pode ser olhar para aqueles que trabalham pelo diálogo entre as religiões", disse Egeland, ex-subsecretário-geral da ONU.

Na casa de apostas Unibet, a favorita é a freira copta Maggie Gobran, que comanda uma entidade infantil no Cairo, e aparece com 13% de chances.

Outros citados incluem o filantropo paquistanês Abdul Sattar Edhi e os líderes religiosos nigerianos John Onaiyekan e Mohamed Sa'ad Abubakar, que ajudaram a acalmar a violência entre cristãos e muçulmanos no país neste ano.

Um reconhecimento direto à Primavera Árabe é improvável, já que a ativista iemenita Tawakkol Karman já foi uma das premiadas em 2011, e raramente o comitê do Nobel reconhece o mesmo tema em dois anos consecutivos.

Rússia

Caso a escolha recaia sobre dissidentes russos, o prêmio pode gerar atritos diplomáticos, especialmente porque o presidente do comitê, Thorbjoern Jagland, é também secretário-geral do Conselho da Europa, que promove os direitos humanos, a democracia e o Estado de direito em 47 países membros, inclusive a Rússia.

"Jagland é sempre criticado por haver um conflito de interesses aí e por ele não ousar irritar os russos", disse Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto de Pesquisa da Paz, em Oslo. "Então talvez ele esteja inclinado a provar que seus críticos estão errados."

Embora o Comitê Nobel Norueguês seja independente do governo, seus membros são eleitos pelo Parlamento, e Jagland já foi primeiro-ministro. Em 2010, o Nobel da Paz dado ao dissidente chinês Liu Xiaobo levou Pequim a congelar suas relações diplomáticas com Oslo.

A situação dos direitos humanos na Rússia é alvo de crescentes críticas nos últimos meses, devido à repressão do governo contra a liberdade de expressão antes das eleições presidenciais. Mais recentemente, três integrantes da banda punk feminina Pussy Riot foram condenadas a prisão por terem feito um protesto contra o presidente Vladimir Putin numa catedral moscovita.

A lista de possíveis laureados russos inclui Svetlana Gannushkina e a ONG da qual ela participa, chamada Memorial. Outros citados são a rádio Ekho Moskvy e seu editor, Alexei Venediktov.

O comitê recebeu 231 indicações neste ano, incluindo de 43 organizações. A lista geralmente é reduzida a 25 a 35 nomes na primeira reunião do comitê, segundo seu secretário-executivo, Geir Lundestad.

Em abril, a lista volta a ser reduzida, para cinco a sete nomes. A decisão é tomada cerca de duas semanas antes do anúncio.

O vencedor vai receber 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,21 milhão), o que é 2 milhões de coroas a menos do que no ano passado, já que a crise econômica afetou o espólio do cientista Alfred Nobel.

Outros nomes citados incluem Gene Sharp, dos EUA, professor aposentado de Ciência Política, conhecido por seu trabalho em conflitos não violentos; e Sima Samar, médica e política afegã, defensora dos direitos femininos no mundo islâmico.

A casa de apostas irlandesa Paddy Power aponta Sharp como favorito, seguido por Samar.

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