Presidência
Diminuem as chances do britânico Tony Blair
Reuters
Bruxelas - As chances de o ex-premiê britânico Tony Blair se tornar presidente da União Europeia reduziram-se ontem, depois que ele não conseguiu obter o apoio dos socialistas, aliados de seu partido, o Trabalhista. Embora o premier britânico, Gordon Brown, tenha feito um pedido aos socialistas para apoiarem Blair em um encontro antes da cúpula da UE, alguns líderes se distanciaram da candidatura dele e o partido criou uma equipe de três pessoas para decidir sua posição.
Blair enfrenta oposição por seu apoio à guerra no Iraque e ao ex-presidente norte-americano George W. Bush, mas também porque a Grã-Bretanha não está entre os 16 países que usam o euro como moeda e é vista como eurocética.
"Minha opinião pessoal é de que o candidato deveria ter um relacionamento especialmente bom com o (presidente Barack) Obama e não um bom relacionamento com Bush", disse o premier da Áustria, Werner Fayman, um dos três líderes que decidirão a posição dos socialistas europeus.
As opiniões de Fayman foram repetidas por Jean Asselborn, vice-premier de Luxemburgo. "Não acho que a candidatura de Tony Blair seja boa, pelo que ele representa", disse.
Bruxelas - Os líderes da União Europeia aceitaram ontem a anulação de uma cláusula exigida pelo presidente tcheco, Vaclav Klaus, para assinar o Tratado de Lisboa, levantando um dos últimos obstáculos para sua ratificação. O tratado prevê, entre outros itens, a criação do cargo de presidente do bloco europeu.
O presidente tcheco havia solicitado a derrogação de um capítulo da Carta Europeia de Direitos Fundamentais, que faz parte do Tratado de Lisboa, para evitar que os alemães expulsos em 1945 da Tchecoslováquia pudessem reclamar seus bens expropriados.
O Tratado de Lisboa, destinado a reforçar o papel da UE no mundo e melhorar sua ferramenta institucional, foi assinado por 26 dos 27 países membros do bloco. Para sua entrada em vigor, estava pendente a assinatura de Klaus e um ditame da Corte Constitucional tcheca sobre um recurso contra o texto.
Segundo um diplomata europeu, Klaus obteve o que solicitava, isto é, a aprovação de uma formalidade já concedida, em 2007, à Grã-Bretanha e Polônia por outros motivos.
Com o Tratado de Lisboa vão acabar as presidências rotativas da União. O presidente eleito terá mandato de dois anos e meio. Nos bastidores, governos já começaram a se articular para eleger seus prováveis candidatos.
Os nomes mais cotados para o cargo de presidente são os do ex-premier britânico Tony Blair e de Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, mas outros candidatos se lançaram nos últimos meses. Blair é o político mais conhecido internacionalmente entre os concorrentes. O ex-premier trabalhista, no entanto, enfrenta a oposição de conservadores e não conta com total apoio dos socialistas.
O nome de Juncker, o mais velho dos governantes em exercício da UE, é citado há algum tempo como possível candidato para o cargo, mas somente nesta semana ele admitiu pela primeira vez estar interessado em entrar na corrida.
Burocracia
Com a assinatura do Tratado de Lisboa, os europeus finalmente poderão criar o Serviço Europeu de Ação Externa (Seae): a maior rede de diplomatas do mundo, com mais de 5 mil integrantes espalhados por cerca de 130 países. O titular será o alto representante da UE para política externa, que passará a acumular o cargo de vice-presidente da Comissão Europeia (CE).