Separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia realizaram cerimônias de posse para seus líderes ontem, depois de uma eleição que Kiev denunciou como uma farsa e que alega ter violado o plano de paz para pôr fim à guerra que já matou mais de quatro mil pessoas. Alertando para a ameaça de uma nova ofensiva dos rebeldes apoiados por Moscou, o governo ucraniano disse que unidades recém-formadas do Exército serão enviadas para defender uma série de cidades do leste.
O militar mais graduado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), um general dos Estados Unidos, declarou que agora existem condições para se criar um "conflito congelado", termo que o Ocidente usa para descrever regiões rebeldes nascidas de ex-países soviéticos que Moscou protege com suas tropas.
As cerimônias de posse no leste da Ucrânia aconteceram enquanto dezenas de milhares de pessoas marchavam pelas ruas de Moscou no "Dia da Unidade", feriado nacionalista que comemora uma batalha do século 17 ressuscitado pelo presidente russo, Vladimir Putin, para substituir as comemorações da revolução bolchevique dos tempos soviéticos. A Ucrânia foi muito mencionada nos discursos que marcaram a ocasião.
"Nova Rússia"
Moscou afirma que a eleição de Alexander Zakharchenko e Igor Plotnitsky como líderes das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que juntas chamam a si mesmas de "nova Rússia", significa que Kiev deve agora negociar diretamente com eles.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, reuniu-se com seus chefes de segurança e disse continuar comprometido com uma solução pacífica para o conflito, embora tenha declarado que o plano de paz e a trégua firmados na capital bielorrussa, Minsk, em setembro, foram violados pela Rússia e pelos separatistas.