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Líderes socialistas engrossam lista de “predadores da liberdade de imprensa”

kim jong un
O líder norte-coreano Kim Jong-un fala durante uma reunião do Gabinete Político do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, no prédio de escritórios do Comitê Central do Partido em Pyongyang, Coreia do Norte, 29 de junho de 2021. Imagem ilustrativa. (Foto: Divulgação/KCNA/Agência EFE)

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Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Daniel Ortega (Nicarágua), Kim Jong-un (Coreia do Norte), Xi Jinping (China) e Nguyen Phu Trong (Vietnã) foram elencados em uma lista de 27 chefes de Estado considerados "predadores da liberdade de imprensa", divulgada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta segunda-feira (5). De acordo com os perfis publicados pela ONG, os líderes dos regimes de inspiração leninista usam as estruturas de poder estatais para acabar com as vozes dissidentes na imprensa.

Xi Jinping

Desde que chegou ao poder na China, Xi Jinping fortaleceu o controle do regime sobre a informação, "restaurando em poucos anos uma cultura midiática digna da era maoísta", diz a RSF. Com o uso massivo de novas tecnologias, o líder chinês impôs um modelo social baseado na censura, na propaganda e na vigilância. Um exemplo citado pela ONG é um aplicativo chamado "Estudar Xi para fazer o país mais forte", obrigatório para todos os jornalistas desde 2019. "Além de permitir que o regime teste sua lealdade, também é suspeito de acessar os dados dos telefones dos usuários", diz a RSF, que também cita perseguição a jornalistas estrangeiros na China e a tentativa do regime comunista em tentar exportar "o seu modelo opressor". Mais de 100 ativistas da liberdade de imprensa estão presos na China.

Miguel Díaz-Canel

Miguel Díaz-Canel substituiu Raul Castro como presidente de Cuba e primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano, mas os métodos de repressão à liberdade de imprensa continuam os mesmos. A RSF cita que todos os veículos de comunicação são vigiados de perto pelo Estado e que a imprensa privada continua proibida pela Constituição. Também são comuns prisões, detenções arbitrárias, ameaças de detenção, perseguição e assédio, buscas domiciliares ilegais, confisco e destruição de material jornalístico para os jornalistas que não seguem a narrativa castrista. O acesso à internet é, em grande parte, controlado pelo Estado e os jornalistas estrangeiros que atuam no país são observados de perto – aqueles que fizerem uma cobertura muito negativa podem ser expulsos do país. Raul Castro também está na lista da RSF.

Nguyen Phu Trong

O secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã já foi jornalista, mas durante o seu governo as condições de trabalho dos profissionais da área pioraram. De acordo com a ONG, o "camarada Nguyen" conta com um aparato policial e judiciário sob suas ordens: persegue blogueiros e jornalistas independentes com base em artigos do Código Penal que punem quem ousar "abusar de suas liberdades democráticas" – 30 blogueiros e pessoas que usam a internet para expressar seu descontentamento com o regime comunista estão detidos atualmente.

"Sob minha liderança, o Comitê Central do Partido promete continuar a combater firmemente a expressão do pluralismo político", disse Nguyen em 26 de janeiro, durante congresso do Partido Comunista do Vietnã.

Kim Jong-un

De acordo com a ONG, o regime comunista norte-coreano, sob a liderança de Kim Jong-un, "prende, expulsa, envia para campos de trabalho forçado e assassina profissionais de meios de comunicação". Os poucos correspondentes estrangeiros autorizados a visitar a Coreia do Norte não podem falar com os cidadãos e são acompanhados pelas autoridades em todos os seus movimentos. "O simples fato de consultar uma mídia sediada no exterior pode render aos norte-coreanos uma permanência vitalícia em um campo de concentração", diz a RSF.

Daniel Ortega

Sob a ditadura de Ortega, os jornalistas da Nicarágua sofrem ameaças, perseguições, campanhas de assédio e difamação e são presos arbitrariamente. Uma recente lei aprovada pela assembleia controlada pelo regime, a “lei de regulação dos agentes estrangeiros ”, visa monitorar de perto os meios de comunicação e as organizações que recebem financiamento externo. Veículos de comunicação independentes sofrem também com sufocamento financeiro pelas regras impostas pelo Estado.

"Em vista das eleições presidenciais de novembro de 2021, Ortega fortaleceu seu arsenal de censura ao abrir processos judiciais abusivos contra todos os seus adversários, tanto da classe política quanto entre os meios de comunicação", afirma a RSF.

Nicolás Maduro

Na Venezuela são poucos os veículos de comunicação independentes que estão resistindo aos ataques da ditadura de Nicolás Maduro. O caso mais recente e emblemático é o do jornal El Nacional, que teve seu prédio confiscado pela justiça ao perder um processo por difamação contra Diosdado Cabello, número dois do chavismo. Apesar dos ataques, o El Nacional continua fazendo jornalismo em plataformas digitais.

Além disso, a RSF lembrou que a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) priva estações de rádio e televisão muito críticas de suas frequências de transmissão e, ocasionalmente, coordena cortes na Internet, bloqueios de redes sociais e confisco de materiais.

A perseguição por parte do regime fez com que muitos jornalistas deixassem o país, principalmente desde 2018, para preservar sua integridade física. Neste ano, Maduro acusou várias ONGs e meios de comunicação independentes, como os sites Efecto Cocuyo, Caraota Digital e El Pitazo, e a rádio Radio Fe y Alegría, de serem “mercenários do jornalismo”, financiados do exterior para derrubar o governo.

Outros nomes da lista

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também está na lista por "sua retórica belicosa e grosseira" e pelos "exércitos de apoiadores e robôs (que nas redes sociais) retransmitem e amplificam os ataques que visam desacreditar a imprensa, apresentada como inimiga do Estado".

Além dele, o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, também é listado, pois, segundo inteligência americana, mandou matar o jornalista e colunista do Washington Post Jamal Khashoggi.

Outros nomes classificados como "predadores da liberdade de imprensa": Abdel Fattah al-Sissi (Egito), Alexander Lukashenko (Belarus), Ali Khamenei (Irã), Bashar al-Assad (Síria). Carrie Lam (Hong Kong), Emomali Rakhmon (Tajiquistão), Gotabaya Rajapaksa (Sri Lanka), Gurbanguly Berdymukhamedov (Turcomenistão), Hamed bin Isa Al-Khalifa (Bahrein), Ilham Aliev (Azeribaijão), Imran Khan (Paquistão), Issaias Afeworki (Eritreia), Lee Hsien Loong (Cingapura), Min Aung Hlaing (Mianmar), Narendra Modi (Índia), Paul Kagamé (Ruanda), Prayuth Chan-ocha (Tailândia), Recep Tayyip Erdogan (Turquia), Rodrigo Duterte (Filipinas), Salva Kiir (Sudão do Sul), Sheikh Hasina (Bangladesh), Teodoro Obiang Nguema (Guiné Equatorial), Viktor Orbán (Hungria), Yoweri Museveni (Uganda), Ramzan Kadyrov (Chechênia), Vladimir Putin (Rússia).

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