Multidão se dirige ao túmulo do ditador Hafez Assad, que governou a Síria durante 30 anos e é pai do atual presidente sírio, Bashar Assad, que está no poder há mais de uma década e enfrenta a fúria de dissidentes| Foto: Sana/AFP

Luta armada

Grupo de oposição ataca base do regime

O governo de Bashar Assad sofreu ontem o primeiro ataque a uma importante instalação de segurança do regime. O Exército Livre da Síria anunciou ter destruído parte do complexo de inteligência da Força Aérea síria em Harasta, subúrbio de Damasco. Segundo o Exército Livre, o ataque ocorreu às 2h30 (hora local), e foram usados foguetes e metralhadoras na ação.

Forças de segurança teriam revidado, atirando contra os integrantes do Exército Livre da Síria. Helicópteros do regime também foram vistos sobrevoando a região após o ataque, que não foi confirmado pelo governo. Também não há informações sobre mortos ou feridos.

A operação demonstra o avanço estratégico dos opositores, já que também esse foi um dos ataques mais próximos da capital em oito meses de confrontos.

Além do prédio em Harasta, o grupo disse ter atacado instalações militares em Duma, Saqba, Qaboun e Arabeen, na região de Damasco.

O Exército Livre, criado em julho, é formado por desertores das forças de segurança sírias e tem como líder o ex-coronel da Força Aérea Riad Asaad, que comanda seus homens a partir da Turquia.

O grupo diz contar com mais de 20 mil integrantes – estimativa que grupos de ativistas, também de oposição, consideram exagerada.

Regime sírio vai "pagar caro" por repressão, diz ministro turco

Advertência

A Turquia advertiu o regime sírio do risco de "pagar caro pela forte repressão ao seu próprio povo". A declaração foi feita pelo ministro do Exterior Ahmet Davutoglu, em Rabat, no Marrocos, onde ministros da Liga Árabe discutiram sanções contra Damasco.

A Turquia, antes aliada próxima da Síria, cada vez mais tornou públicas suas críticas ao regime de Assad desde o início das manifestações antigoverno.

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Os ministros estrangeiros da Liga Árabe concederam ontem três dias ao governo sírio para que aceite encerrar a repressão aos manifestantes e permita equi­pes de observadores. Os chanceleres, que se reuniram na capital marroquina, não disseram o que aconteceria se Damasco não aceitar o compromisso.

Questionado se tratava-se de uma última tentativa diplomática, o chanceler do Catar, xeique Hamad Bin Jassim al-Thani, disse a repórteres: "Não queremos fa­­lar sobre última tentativa porque não queremos que soe como uma advertência. O que posso dizer é que estamos perto de en­­cerrar o curso no que se refere aos esforços (da Liga Árabe) neste front", acrescentou

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Um comunicado emitido no final da reunião informa que "observadores serão enviados para a Síria se o governo aceitar o acordo dentro de três dias a partir e uma vez que a violência e a ma­­tança parem de acontecer". "Os observadores irão certificar-se de que (forças de) segurança e milícias pró-governo da Síria não ataquem as manifestações pacíficas", disse a nota.

A Liga Árabe já havia proposto o envio de observadores para a Síria como parte de um roteiro para acabar com a violência. O governo sírio concordou com o plano no início deste mês, mas ele não foi implementado.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, disse que a Liga pediu a seus especialistas que fizessem o rascunho de um plano para impor sanções econômicas à Síria para pressionar o país a encerrar a repressão.

Embaixadas

As embaixadas de Marrocos, Emi­­rados Árabes e Qatar em Da­­mas­­co foram alvos de ataques ontem. Os três países votaram a favor da suspensão da Síria na Liga Árabe, o que levanta suspeitas de que as ações tenham sido uma retaliação por parte de partidários do presidente Bashar al-Assad.

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A embaixada do Marrocos foi alvo de ovos e pedras, da mesma forma que a dos Emirados Ára­­bes, que teve seus muros pichados com frases como "Desgra­­ça­­dos, agentes de Israel". A representação do Qatar teria chegado a ficar em chamas após os ataques, mas não há confirmação.

Não é a primeira vez que em­­baixadas em Damasco são atacadas. No fim de semana houve ações similares contra os prédios das missões de França, Arábia Saudita e Turquia.

A França anunciou a retirada de seu embaixador de Damasco.