A Liga Árabe – uma organização de 22 países da península Arábica, Norte da África e Chifre da África – alertou o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, que mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel-aviv para Jerusalém seria um retrocesso para as relações com os países árabes.
Uma carta assinada pelo secretário-geral da Liga, Ahmad Abu Al Ghait, enfatiza a preocupação com a mudança. “Dar um passo como este não apenas prejudicaria os interesses palestinos, mas reduziria drasticamente as oportunidades de alcançar uma paz abrangente”, afirmou a carta, à qual a Bloomberg teve acesso.
Embaixadores de nações árabes se reunirão em Brasília nesta terça-feira (11) para discutir o plano de Bolsonaro em relação à embaixada em Israel, segundo a agência de notícias Reuters. O movimento seria uma mudança na política externa brasileira, que sempre apoiou uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
A decisão do governo eleito brasileiro é polêmica porque, na prática, é como reconhecer que Jerusalém é capital de Israel. Pela ONU, a cidade deveria ser internacionalizada. Já para os palestinos, deveria ser a capital do seu futuro estado independente.
Além de Estados Unidos e Guatemala, que abriram embaixadas em Jerusalém em maio deste ano, o Paraguai também chegou a fazer a mudança no mesmo mês, com a presença do ex-presidente paraguaio Horácio Cartes. Mas, quatro meses depois, sob o novo presidente Mario Abdo Benítez, os paraguaios voltaram atrás da decisão. Em reação, Israel fechou sua embaixada em Assunção.
De acordo com a Bloomberg, o Brasil obteve um superávit de US$ 7,1 bilhões com as 22 nações da Liga Árabe em 2017, em comparação com um déficit de US$ 419 milhões com Israel.
Mudança decidida
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou durante uma viagem a Washington (EUA), em 27 de novembro, que o futuro governo tem mesmo a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O deputado disse que a mudança ocorrerá e que “a questão não é perguntar se vai [ocorrer], a questão é perguntar quando será”, afirmou."
Sobre possíveis consequências para o comércio internacional e represálias de outros países por causa da mudança, o deputado afirmou que acredita que será possível encontrar uma maneira de solucionar a questão. “Eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe nós apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes”, arriscou o deputado naquela ocasião.